Sob o tapete

Opinião
08/04/2005 17:14

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Quem vive ou trabalha na cidade de São Paulo sabe disso: o quinto maior aglomerado urbano do mundo é uma metrópole cujas artérias estão literalmente entupidas. O caos no trânsito é uma realidade que não escolhe mais dia e hora para se manifestar. São muitas as causas que nos levaram a esta situação. Mas não há como negar que a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), a exemplo de seus dois antecessores imediatos, fez um grande esforço para dar sua contribuição, a fim de que a situação piorasse ainda um pouco mais.

Não bastasse iniciar várias obras viárias " de utilidade duvidosa e claramente eleitoreiras, como toda a imprensa registrou no ano passado " ao mesmo tempo, sua gestão serviu para acelerar o processo de degradação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Dias atrás, um importante jornal da capital iluminou o descaso do desgoverno petista: mais da metade das câmeras instaladas na cidade estão quebradas, 30% dos carros a serviço dos técnicos e fiscais da companhia estão encostados (em manutenção) e apenas 10% dos chamados semáforos inteligentes funcionam.

Para que se tenha uma idéia do que isso significa, basta dizer que, segundo especialistas da área, se todos os 1.200 semáforos inteligentes instalados estivessem em funcionamento, o número de engarrafamentos teria uma queda expressiva, da ordem de 20%. Por meio do ex-responsável pela CET, hoje vereador paulistano, a administração passada tenta se defender sob a alegação de que as peças quebradas não foram ainda repostas porque o contrato entre a Prefeitura e o fabricante dos equipamentos foi suspenso e se encontra na Justiça. Como o contrato " sob suspeita de superfaturamento " foi firmado lá atrás, na gestão Celso Pitta, é de perguntar: o que fez a administração Marta Suplicy para contornar o problema e encontrar uma saída?

E por que as câmeras que servem para monitorar o trânsito, orientar os motoristas e permitir que a CET aja também estão quebradas? Também foram superfaturadas? É possível, sim, que parte da frota durma nas garagens da empresa porque os carros são velhos, etc. Mas o que foi feito para renová-la, ainda que parcialmente? Faltou dinheiro? É possível que sim. Afinal, foram tantos os gastos desnecessários com publicidade enganosa, criação de novos cargos de confiança (para abrigar os velhos companheiros, antes de carteirinha, agora de holerite), que não haveria mesmo aumentos de impostos e taxas capazes de dar conta de tantas despesas.

Este, certamente, será um tema que não fará parte do temário do instituto criado pela ex-prefeita para divulgar seus feitos extraordinários. Este e tantos outros assuntos, não serão expostos na "vitrine" petista. Vão mesmo é para debaixo do tapete.

*Milton Flávio é deputado estadual pelo PSDB-SP e professor de Medicina da Unesp

miltonflavio@al.sp.gov.br

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