Opinião : A educação e a economia brasileira


20/08/2009 19:21

Compartilhar:


Recentemente, li um artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo e assinado por Paulo Rabello de Castro, doutor em economia pela Universidade de Chicago (EUA). O texto me deixou intrigado e ao mesmo tempo esperançoso. No artigo, o especialista mostra a linha tênue que existe entre a economia e a educação em nosso país. A ligação parece óbvia, mas a colocação foi bem aprofundada pelo seu conhecimento de causa.

O Brasil tem o desafio de superar a barreira da falta de escolaridade e treinamento. Muito se tem falado sobre o potencial econômico do país nos próximos anos, mas é praticamente impossível tê-lo plenamente sem que haja um avanço considerável na educação.

Tão importante quanto as pessoas saberem fazer o que lhes é imputado, é também fazerem com eficácia. A falta de escolaridade e de ensino realmente consistente pode resultar em um profissional despreparado no futuro. São Paulo é o Estado brasileiro que mais movimenta a economia, e a situação aqui não tem sido muito diferente. Nossos jovens não encontram muito estímulo nos estudos, a leitura continua sendo algo raro, e mais raro ainda é a compreensão do que se lê.

Acredito no potencial de nosso Estado e dos trabalhadores que movem nossa economia. Agora é uma questão de necessidade que novas mudanças venham, porque nos próximos 25 anos seremos empurrados por cerca de 70 milhões de jovens e adultos em busca de uma colocação profissional, e precisamos nos preparar para essa demanda. A educação ainda é a melhor alternativa e a maneira mais simples de preparar essa nova geração.

Muitos alunos que concluem seus estudos, vão para a vida desprovidos de um olhar crítico e indagador, características necessárias para que possa se destacar como profissional e como cidadão consciente de seus direitos e deveres.

Economia e educação são questões que precisam caminhar juntas. Infelizmente, as pessoas não tem tido do lazer e muito menos contato com algum tipo de conhecimento ou cultura. As maiores preocupações são a sobrevivência e os meios de buscar o que é imprescindível para alcançá-la. Com essa realidade não poderemos exigir que alunos sejam extremamente interessados em adquirir conhecimento, quando seus pais ou até mesmo eles têm trabalhado arduamente para manter uma condição mínima. Como se vê, uma situação leva a outra, não é possível ter uma educação de qualidade sem investimentos, tampouco podemos crescer economicamente sem capital humano intelectual e profissional preparado.

Mais do que nunca precisamos unir forças e provocar um debate social em todos os segmentos, é hora de avaliar os impactos dessas mudanças e traçar o futuro econômico e educacional em nosso Estado e em todo o Brasil. Convido a todos os jovens, mestres, alunos, trabalhadores, intelectuais e políticos para que discutam o futuro de nossa economia e educação. Precisamos propor maneiras de mudar essa situação que para muitos parece impossível de transpor. Não vejo essas mudanças de forma utópica e irreal, mas como algo possível e necessário.

Nos tempos atuais, muitas vezes as escolas são os últimos espaços que restam para dialogar sobre valores, é lá também que aprendemos a abstrair ao máximo o que nos é apresentado e a valorizar a comunicação, visto que é ela algo fundamental desde os primórdios da humanidade. Além das escolas, os lares também precisam provocar a curiosidade pelo conhecimento, desta maneira teremos jovens sedentos pelo saber e preparados para a vida.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido, e participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento.

alesp