O assalto praticado em 16 de janeiro contra 33 turistas britânicos, no Rio de Janeiro, veio confirmar a idéia de que uma das grandes barreiras do Brasil para ganhar dinheiro com o turismo está na atual escalada da violência criminal. O país tem excelentes atrações, das praias do Rio, do Nordeste, de Santa Catarina e do Estado de São Paulo até as riquezas naturais da Amazônia, do Pantanal e de Foz do Iguaçu, mas não consegue garantir segurança aos visitantes.

O ataque aos turistas britânicos ocorreu no caminho entre o Aeroporto do Galeão e um hotel da Zona Sul do Rio: Três bandidos armados abordaram o ônibus e saquearam dinheiro, jóias, cartões de crédito, computadores e passaportes dos visitantes, que mal haviam chegado à cidade.

Não por acaso, um dos principais jornais de Londres, o The Guardian, noticiou o fato e publicou que a agência de turismo inglesa, responsável pela viagem daquele grupo, decidiu banir o Rio de futuros roteiros de suas excursões pelo mundo. Para a empresa, a África é menos perigosa.

Esse novo caso de violência contra turistas estrangeiros no cenário carioca deve ser analisado sem o ressentimento que poderia caracterizar o povo brasileiro, menos de um ano depois de um jovem de Minas Gerais, Jean Charles, ter sido morto pela polícia britânica numa estação do metrô de Londres por ter sido confundido com um terrorista. Um erro não justifica o outro. A polícia da Inglaterra está neurótica. E a polícia do Brasil está perdida.

Ora... Se a polícia do Brasil está desse jeito é porque os governos responsáveis pela política de segurança pública estão inoperantes. Aqui vai um consolo para os turistas ingleses: Não só eles estão ameaçados de assaltos, mas também o povo brasileiro, eterno refém de bandidos no Rio, em São Paulo e em tantas outras cidades. Governantes preferem o caminho da demagogia, fazendo propaganda de conquistas que realmente não ocorreram. É um absurdo os governadores do Rio e de São Paulo, pré-candidatos à Presidência da República, lançarem propaganda oficial afirmando que a criminalidade está caindo em seus Estados.

Certamente, os números são manipulados, pois, na contramão do noticiário enganoso dos governadores e do sempre eufórico presidente do país, surgem fatos como o ataque contra turistas britânicos. E isso não é caso isolado!

Se o Rio é dominado pelas gangues de traficantes, que no fim de 2005 atacaram também um ônibus urbano e incendiaram o veículo, matando cinco passageiros, São Paulo se curva à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que impera nos presídios e ataca bases da Polícia Militar. Além disso, praias paulistas não estão livres da violência característica das grandes cidades: Turistas brasileiros e estrangeiros têm sido atacados em Santos, Praia Grande, Mongaguá, São Vicente e Guarujá. Nos últimos meses, houve vários casos de assassinato. Os bandidos roubam e matam suas vítimas. É duro fazer turismo no país em que já não existem lugares de completa paz.

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