Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve serfestejada em todo o país como uma vitória do bom senso contra o abuso dopoder econômico de instituições que têm tido lucros elevadíssimos. Afamília do mecânico Édson de Oliveira, morto a tiros durante um assaltodentro do caixa eletrônico de uma agência do Bradesco, em 1995, nomunicípio de Santo André, no ABC, pode ganhar uma indenizaçãopor danos morais e materiais de R$ 2 milhões, em processo judicial movidocontra o banco.Foi uma decisão unânime e inédita da 3ª Turma do SuperiorTribunal de Justiça (STJ), anunciada em 7 de maio: deu ganho de causa aospais de Édson, que moram em São Bernardo do Campo. O Bradesco decidiurecorrer da sentença no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a ação podemotivar a vitória de diversos outros processos semelhantes."A Justiça é lenta, mas não falha. Confio em Deus e acredito queiremos conseguir", desabafou a dona de casa de 57 anos, mãe de Édson, queprefere não ser identificada. Ela tem medo de que a família seja vítimade assalto ou outro crime, por morar em um bairro pobre de São Bernardo,caso receba a indenização.Essa ação deverá se desenrolar por mais um ano pelo menos, masos pais da vítima deverão ganhar, segundo o advogado Ademar Gomes,presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo(Acrimesp), responsável pelo processo. Caso o recurso do Bradesco chegueao STF e a família ganhe a causa, será criada jurisprudência, propiciandovitórias semelhantes em todo o País contra qualquer banco. Afinal, não hádúvidas de que os bancos ? e não só a polícia ? devem zelar pelasegurança dos clientes.A notícia dessa decisão da Justiça na esfera superior deBrasília mereceu destaque em toda a mídia: jornais, revistas, rádios, TVse portais de Internet. A opinião pública também discutiu o assunto, poistêm sido inúmeros os casos de assaltos e de seqüestros-relâmpago emagências bancárias ou dentro de caixas eletrônicos, os bancos 24 horas.Pois bem: agora, vou dar uma informação importante para todo o País epara o Estado de São Paulo em especial. Acontece que, como deputadoestadual especialista em proposta de defesa da segurança da população,apresentei na Assembléia Legislativa paulista projeto de lei exigindo queos bancos dêem segurança aos clientes que usam caixas eletrônicos.Na verdade, apresentei o projeto mais de uma vez. Na primeiraoportunidade, ainda nos anos 90, minha proposta foi barrada em algumascomissões da Assembléia, por força das pressões, do incrível e poderosolobby dos bancos. Já que eu propunha a criação de um serviço devigilantes dos bancos para zelar pelos seus clientes nos caixaseletrônicos, as entidades de banqueiros torpedearam o projeto, alegandoque não teriam dinheiro para aplicar na contratação daquelesprofissionais. Não desanimei. Reapresentei o projeto de lei que, agora,está na ordem do dia, pronto para ser votado: é só o presidente daAssembléia Legislativa, Walter Feldman, colocar em pauta para a votação.Como se sabe, de tantos assaltos que vêm ocorrendo, os bancoschegam aoponto de desativar caixas eletrônicos em locais mais perigosos de SãoPaulo e de outras cidades. Faço então uma pergunta: em vez de partirpara esse tipo de "solução", por que os bancos não aceitam humildementeminha proposta, curvando-se aos direitos dos consumidores?Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL