Fórum aborda prevenção e repressão ao crime comum e organizado

(com fotos)
24/04/2002 18:30

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DA REDAÇÃO

Os participantes do segundo painel do Fórum Nacional de Segurança Pública, realizado na tarde desta quarta-feira, 24/4, debateram o tema Prevenção e Repressão ao Crime Comum e Organizado. O desembargador aposentado Renato Laércio Talli foi o expositor, secundado pelos seguintes debatedores: Marcel Domingos Solimeo, superintendente da Associação Comercial de São Paulo; Cássio Vechiatti, diretor da Fiesp; e Abdalla Achcar, advogado do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp). O painel foi coordenado por João Batista da Silva, presidente da Federação Catarinense de Policiais Civis.

Talli argumentou que o criminoso somente respeita a polícia se esta for firme e presente. A instituição policial é, segundo ele, aquilo que são seus homens. E estes necessitam de estrutura. Assim, um dos aspectos principais a ser perseguido seria a estruturação, equipagem e organização das delegacias de polícia para o bom desempenho do policiamento científico e ostensivo.

O desembargador definiu o crime organizado como qualquer grupo com estrutura organizada que tem por objetivo extrair lucros com base em atividades ilegais. Além disso, o crime organizado caracteriza-se, freqüentemente, pela marcada colaboração e conivência de agentes policiais, a exemplo dos modos de operação das máfias siciliana, novaiorquina e japonesa. Nas palavras de Talli, como aconteceu com os 12 apóstolos, "sempre há um Judas que vende a instituição por 30 moedas". Assim, defende a tese de que, além do combate à corrupção, existe uma questão moral colocada para a toda a sociedade. "Sem um denominador comum axiológico moral, tudo o mais é hipocrisia", disse ele.

Entre as medidas necessárias para combater o crime organizado, o desembargador apontou o combate à impunidade; integração das polícias; o prestígio e fortalecimento da polícia, de modo a devolver-lhe a auto-estima; e mudanças no Código Penal relativas às restrições dos recursos e ao sistema de penas alternativas para infrações leves.

Custos sociais

O representante da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Domingos Solimeo, ponderou que, do ponto de vista econômico, qualquer soma de recursos investida em segurança gera retorno bem superior para a sociedade, tendo em vista as enormes perdas políticas, econômicas e sociais causadas pela insegurança. Já o representante da Fiesp, Cássio Vechiatti, indicou algumas medidas necessárias para um plano de segurança consistente: integração das polícias, gestão adequada, suporte técnico-científico, base tecnológica, banco de dados e reforço da auto-estima.

Repressão interna

O advogado do sindicato dos investigadores, Abdalla Achcar, disse que a história recente da polícia está dividida em duas etapas: a do período ditatorial e do período pós-democratização. "Estes dois períodos representam dois extremos. No primeiro, a polícia tudo podia. No segundo, a polícia nada pode." Segundo Achcar, a políca tem hoje forte fiscalização e controle, que fazem com que os erros de policiais sejam muito mais severamente punidos do que aqueles cometidos por criminosos comuns. "Em São Paulo, a repressão interna ao policial é muito superior à repressão externa imposta aos delinqüentes", concluiu.

alesp