DA REDAÇÃO Os participantes do segundo painel do Fórum Nacional de Segurança Pública, realizado na tarde desta quarta-feira, 24/4, debateram o tema Prevenção e Repressão ao Crime Comum e Organizado. O desembargador aposentado Renato Laércio Talli foi o expositor, secundado pelos seguintes debatedores: Marcel Domingos Solimeo, superintendente da Associação Comercial de São Paulo; Cássio Vechiatti, diretor da Fiesp; e Abdalla Achcar, advogado do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp). O painel foi coordenado por João Batista da Silva, presidente da Federação Catarinense de Policiais Civis.Talli argumentou que o criminoso somente respeita a polícia se esta for firme e presente. A instituição policial é, segundo ele, aquilo que são seus homens. E estes necessitam de estrutura. Assim, um dos aspectos principais a ser perseguido seria a estruturação, equipagem e organização das delegacias de polícia para o bom desempenho do policiamento científico e ostensivo. O desembargador definiu o crime organizado como qualquer grupo com estrutura organizada que tem por objetivo extrair lucros com base em atividades ilegais. Além disso, o crime organizado caracteriza-se, freqüentemente, pela marcada colaboração e conivência de agentes policiais, a exemplo dos modos de operação das máfias siciliana, novaiorquina e japonesa. Nas palavras de Talli, como aconteceu com os 12 apóstolos, "sempre há um Judas que vende a instituição por 30 moedas". Assim, defende a tese de que, além do combate à corrupção, existe uma questão moral colocada para a toda a sociedade. "Sem um denominador comum axiológico moral, tudo o mais é hipocrisia", disse ele.Entre as medidas necessárias para combater o crime organizado, o desembargador apontou o combate à impunidade; integração das polícias; o prestígio e fortalecimento da polícia, de modo a devolver-lhe a auto-estima; e mudanças no Código Penal relativas às restrições dos recursos e ao sistema de penas alternativas para infrações leves. Custos sociaisO representante da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Domingos Solimeo, ponderou que, do ponto de vista econômico, qualquer soma de recursos investida em segurança gera retorno bem superior para a sociedade, tendo em vista as enormes perdas políticas, econômicas e sociais causadas pela insegurança. Já o representante da Fiesp, Cássio Vechiatti, indicou algumas medidas necessárias para um plano de segurança consistente: integração das polícias, gestão adequada, suporte técnico-científico, base tecnológica, banco de dados e reforço da auto-estima.Repressão internaO advogado do sindicato dos investigadores, Abdalla Achcar, disse que a história recente da polícia está dividida em duas etapas: a do período ditatorial e do período pós-democratização. "Estes dois períodos representam dois extremos. No primeiro, a polícia tudo podia. No segundo, a polícia nada pode." Segundo Achcar, a políca tem hoje forte fiscalização e controle, que fazem com que os erros de policiais sejam muito mais severamente punidos do que aqueles cometidos por criminosos comuns. "Em São Paulo, a repressão interna ao policial é muito superior à repressão externa imposta aos delinqüentes", concluiu.