Sinal de alerta na América

Opinião
24/05/2005 17:52

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Acendeu a luz amarela nas relações internacionais entre os países da América Latina. Por mais que haja o esforço de algumas lideranças, como o do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fortalecer o bloco econômico formado pelas nações da região, há algo de muito incerto no ar.

As recentes crises políticas vividas no Peru, Equador, Venezuela e, mais recentemente, na Bolívia, podem indicar que a união dos países, tão necessária, principalmente nas áreas econômica e social, está muito distante.

É por isso que fatos que poderiam parecer isolados acabam ganhando importância desmedida. A saída antecipada do presidente argentino Nestor Kirchner da reunião da Cúpula América do Sul - Países Árabes, realizada em Brasília, neste mês, é um destes eventos muito mal explicados. Por mais panos quentes, que as autoridades brasileiras e argentinas envolvidas tentaram colocar, a atitude do chefe do nosso maior parceiro comercial na América do Sul mostram ao mundo que as relações entre os dois países estão bastante estremecidas.

O mais novo foco desta crise, a Bolívia, também é preocupante. Não só no campo político, mas sobretudo no econômico. A Petrobras já anunciou que deverá reduzir substancialmente os investimentos naquele país, logo após tomar conhecimento do impacto do aumento da tributação sobre a atividade de exploração de gás e petróleo. Vale lembrar que os contratos de fornecimento de gás natural da Bolívia para o Brasil ainda têm validade de 20 anos. Até uma arbitragem internacional diante da elevação dos tributos já está sendo cogitada.

Isso ocorre em um momento em que muitas empresas brasileiras vêm expandindo seus negócios nos países vizinhos, devido ao potencial econômico da região e à capacidade dos nossos empreendedores. A mudança de regras no meio do jogo é nociva para todos. Mas, acima de mais nada, é danosa para as relações comerciais entre os países.

Passa da hora do governo brasileiro, sem deixar a diplomacia de lado, agir de forma mais contundente para uma aproximação efetiva entre os países vizinhos. Não basta ao Brasil apenas tentar ser líder da região, a consolidação de um amplo bloco econômico no continente é condição natural para o desenvolvimento de todos. Todos sabem que, por mais importância que um ou outro país tenha isoladamente, somente o fortalecimento do grupo pode melhorar o poder de barganha junto às potências mundiais.

Essa política do cada um por si nunca levou ninguém a lugar algum. Por mais que alguns ganhem ou percam numa negociação ou outra, é fundamental para todos olharem o conjunto da obra.



* Romeu Tuma, deputado estadual peloPMDB, é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e membro da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de São Paulo.

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