UM NOVO JEITO DE "PREFEITAR" - OPINIÃO

Arnaldo Jardim*
08/11/2000 16:33

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As eleições municipais foram realizadas e agora está aberto um período de análise e reflexão. Uns procuram ressaltar os avanços de cada um dos partidos e outros buscam, a partir do resultado eleitoral, desenhar possíveis cenários para as eleições de 2002. Particularmente, prefiro colocar o foco das minhas atenções no comportamento do eleitor.

O processo eleitoral revelou um eleitor amadurecido e muito mais consciente, que demonstrou claramente sua exigência por um comportamento ético e transparente daqueles que postulam um cargo público. É esse o grande recado expresso pelas urnas e os políticos que não o entenderem ficarão cada vez mais distantes do anseio popular.

Juntamente com esse recado, digno de ser saudado e comemorado por todos nós, existe um outro, endereçado especialmente aos postulantes ao cargo executivo. A população procurou votar em prefeitos e prefeitas com efetiva capacidade de governar bem. E desta vez o governar bem deve ser entendido como capacidade de priorizar projetos sociais, fazendo-o de uma forma eficiente e com respeito ao orçamento municipal, com observância ao princípio do equilíbrio fiscal.

Fica, pois, um alerta a todos que estão manobrando no sentido de postergar ou abrandar os efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal. É possível até entender as razões de quem está agindo assim, mas não é esse posicionamento que o povo está esperando dos prefeitos que elegeu e por isso sou radicalmente contra essa atitude. A população exige dos eleitos ética, transparência, austeridade, trabalho e criatividade.

A Lei de Responsabilidade Fiscal já veio tardiamente. Ela é uma forma de estabelecer parâmetros claros e globais para premissas que consideramos fundamentais para uma boa administração: equilíbrio fiscal; transparência nos gastos; previsão orçamentária em cada uma das ações da administração pública. Por isso tudo é que nós aplaudimos e defendemos a entrada imediata em vigor desta lei, de modo pleno e de uma forma que ela não seja transformada em mais uma norma legal, mas que seja efetivamente praticada. Afinal de contas, essa Lei, ao lado da questão da ética, dá uma referência sobre o que é e o que será ser um bom prefeito daqui por diante.

É preciso ainda que os novos eleitos, que assumirão no dia 1.º de janeiro, entendam que o prefeito não deverá ser simplesmente um gerente da coisa pública. Caberá a ele reunir toda a comunidade e dele será exigida a capacidade de transformar em realidade a vontade majoritária da população. Para isso será preciso transcender o universo das convicções partidárias e encarnar esse papel com humildade e sabedoria. Isso significa estabelecer um diálogo permanente com todas as correntes sociais e políticas da comunidade, condições essenciais para aliar um sentido amplo de desenvolvimento da cidade ao indispensável bom gerenciamento da máquina pública.

Arnaldo Jardim foi secretário da Habitação em 1993, é engenheiro civil e deputado estadual pelo PPS.

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