Houve época em que as delegacias de polícia eram tidas como símbolo do poder do Estado. Mas tudo mudou: nos tempos atuais, em São Paulo, os cidadãos têm medo de ir às delegacias, por causa da alta carga de insegurança que domina esses locais. Os próprios policiais já não ocultam seu verdadeiro pavor, tantos têm sido os motins de presos detidos nas delegacias e os constantes ataques de bandidos para resgatar seus parceiros de quadrilhas. Delegados e demais funcionários são reféns dos criminosos, diante da inoperância do governo estadual, que, em vez de agir com rigor contra os bandidos, acaba punindo os bons policiais, aqueles que recorrem à energia para coibir a violência. A Secretaria da Segurança Pública finge que está enfrentando os problemas, mas empurra tudo com a barriga. Há até autoridades que aconselham a população a evitar a ida às delegacias. A insatisfação dos cidadãos foi demonstrada nas eleições, com a derrota de candidatos tucanos às prefeituras de grandes cidades, entre as quais a Capital. Os policiais também estão frustrados: recebem ordens equivocadas de quem nada entende de repressão ao crime, pois são puramente teóricos. O governador Mário Covas, ao insistir em manter essa gente, desafia o futuro da polícia. Quando da morte de um sargento da Polícia Militar, num motim de presos no distrito policial de Vila Brasilândia, na Zona Norte da Capital, o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Paulo Roberto Siqueto, exigiu a substituição do secretário da Segurança, autor de inúmeras trapalhadas em um ano e meio de gestão. O governador prefere insistir no erro.

Enquanto isso, os bandidos festejam e a covardia oficial persiste.

AFANASIO JAZADJI é radialista, deputado estadual e líder do PFL.