Fórum de Segurança Pública debate a valorização do policial

Carreira única e remuneração adequada são essenciais, afirmam especialistas (com fotos)
25/04/2002 20:16

Compartilhar:


DA REDAÇÃO

A formação única e o treinamento contínuo foram defendidos no painel "Profissionalização e valorização do policial", realizado na manhã desta quinta-feira, 25/4, como parte do III Encontro do Fórum Nacional de Segurança Pública, que acontece na Assembléia paulista desde terça-feira.

Para o presidente da Associação dos Comissários de Polícia de Pernambuco, Erivaldo Vasconcelos, que participou dos debates, o corporativismo negativo dentro das forças policiais "dificulta a profissionalização e a valorização do policial". Ele defendeu "uma nova polícia, com nova estrutura, mas não sua unificação", e reclamou da discriminação que os policiais sofrem pelo Judiciário, pelo Executivo e pelas entidades de direitos humanos. "A saída é a formação única dentro da polícia, com formação jurídica básica por meio de cursos e reciclagens", avaliou.

Convidado a falar aos policiais, o economista e professor da USP Roberto Macedo defendeu ampla reforma administrativa para a polícia. Para ele, "o policial civil deveria chegar a chefe de distrito sem a necessidade de ser bacharel, podendo, inclusive, ser o policial que está na ativa". Macedo argumentou ainda que a atenção adequada às questões administrativas pode " melhorar o péssimo atendimento dispensado nos distritos policiais e delegacias".

Dedicação e risco

O comandante da Guarda Civil Metropolitana de São Caetano do Sul, tenente Alírio França Vilas Boas, falou sobre o problema estrutural que afeta a polícia devido à falta de apoio do poder público, mas destacou que o que interessa ao cidadão é ser bem atendido no momento necessário. "O homem uniformizado deve estar pronto para atender, daí a necessidade de uma dedicação integral ao serviço. Se ele acha que ganha pouco, que troque de trabalho", asseverou.

Ele se manifestou contrário à iniciativa que propõe dar poder de polícia às guardas civis. Para ele, "não é preciso criar mais uma polícia, e sim definir o papel das guardas civis e sistematizar sua função".

Também integrante da mesa de debates, o presidente da Federação Brasileira dos Policiais Civis, Jânio Bosco Gandra, afirmou que a valorização do policial passa, acima de tudo, pela remuneração. "Como a profissão envolve risco de vida, é preciso remunerá-la bem, e cabe à própria polícia buscar os parâmetros para essa remuneração, pressionando políticos e governantes", argumentou. "É o reconhecimento de um profissional que não é comum no serviço público", constatou.

Para Gandra, a carreira única também valoriza o profissional. "Ele poderá se qualificar, inclusive participando de cursos por meio de convênios com academias e universidades estaduais e federais", destacou.

A mesa de debates foi dirigida pelo presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, José Magela. Ele propôs a criação de uma escola superior de segurança pública, para formar bacharéis no setor. "Sentimos tanta necessidade quanto a população de fazer mudanças na polícia brasileira", ele disse. Magela sugeriu ainda que as Assembléias Legislativas realizem audiências públicas para que "o povo diga qual a polícia de que necessita".

O fórum prossegue no período da tarde, com o painel "Unificação das polícias estaduais".

alesp