Ensino técnico para o desenvolvimento


13/11/2008 18:53

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Finalmente o presidente Lula e o governador José Serra vislumbraram a necessidade urgente de ampliar os cursos de ensino técnico e as faculdades de tecnologia, que resultarão na formação de um exército de mão-de-obra qualificada, tão importante para alavancar o desenvolvimento do país. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, dias atrás, informa que, até 2010, essas instituições de ensino terão mais de 600 mil alunos em 602 unidades em todo Brasil, a maioria em nosso Estado. Afora o impacto eleitoral que os críticos dizem que os governantes buscam atingir, trata-se de uma virada na direção do ensino, tendo em vista que sempre privilegiamos a formação de bacharéis.

O jornal indica ainda que atualmente estão matriculados 180 mil estudantes em escolas técnicas ou faculdades mantidas pelo governo federal, e outros 122 mil em unidades do Estado de São Paulo. As vagas oferecidas pelas Fatecs (Faculdades de Tecnologia do Estado) já superam as ofertadas pela USP (Universidade de São Paulo). Nos últimos dois anos, ainda segundo a reportagem, foram criadas 21 Fatecs, somando agora 47 no Estado. Com referência ao ensino técnico, o governo estadual construiu 25 Etecs (Escolas Técnicas Estaduais) desde 2007, totalizando 151. Até 2010, a previsão é de chegar a 196 unidades.

Como deputado e integrante da Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa, tenho relatado diversos projetos com pareceres favoráveis à criação dessas escolas técnicas e faculdades de tecnologia em todo o Estado. Acredito mesmo que a formação de técnicos e de tecnólogos é que vai possibilitar melhor desempenho de nosso parque industrial, com mais competitividade e redução de custos. Importante também é o fato de fornecer aos jovens a possibilidade real de empregos. Neste caso, por exemplo, o Centro Paula Souza, que administra as Etecs e Fatecs, informa que 93,2% dos tecnólogos formados conseguem arrumar emprego, enquanto 77% do estudantes do ensino técnico saem empregados. Outro exemplo de oferta de cursos técnicos de qualidade é o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Não sou contrário à formação de bacharéis, pois sou um deles. Formei-me em Economia, pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, e fiz um importante curso de especialização na Fundação Getúlio Vargas (FGV), que me ofereceu mais condições para desenvolver minhas atividades na área pela qual me formei. Ocorre, porém, que a sociedade e os governos, de modo geral, sempre privilegiaram a formação de "doutores", e assim temos hoje uma legião de bacharéis, muitos mal formados e subempregados, enquanto nossas indústrias, por muitas vezes, têm dificuldades para contratação de técnicos especializados. Portanto, a inciativa dos governantes em ampliar sobremaneira o número de vagas em escolas técnicas e faculdades de tecnologia deve ser comemorada, em nome da empregabilidade e da melhoria do parque industrial brasileiro.



vsapienza@al.sp.gov.br



*Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS

alesp