Parlamentar reafirma parceria do PFL com o Executivo

José Caldini Crespo explicou como se deram as negociações para a nova Mesa e lamenta postura da bancada do PSDB
17/03/2005 19:30

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O deputado José Caldini Crespo (PFL) manifestou-se na tarde desta quarta-feira, 16/3, contra discurso proferido pelo deputado Milton Flávio (PSDB), que atacou o presidente da Assembléia Legislativa, Rodrigo Garcia, eleito na terça-feira, depois de uma das mais disputadas eleições para a Mesa Diretora da Casa.

"Estamos chocados com a manifestação infeliz, até de mau gosto, por parte de um colega que eu respeito. Foram palavras desagradáveis, que não retratam, em hipótese alguma, o que ocorreu ontem nesta Casa. A eleição para a Mesa da Assembléia foi apenas um processo eleitoral, como define a Constituição Estadual", disse o deputado, que deixou também na quarta-feira a 1.ª Secretaria da Casa.

Para Crespo, se houve traição, não foi por parte do PFL. "Ao contrário do que disse o deputado Milton Flávio, a bancada do PFL se considera, sim, parceira do governo. Foi com o apoio da bancada do PFL que o governo aprovou vários projetos de seu interesse. Esta é uma parceria que existe há 10 anos, completados ontem", lembrou Crespo. De acordo com ele, uma parceira implica troca de posições, de vez em quando. "Por quê essa relação não poderia ser invertida ?", perguntou. O parlamentar ressaltou ainda que "o PFL nunca foi um apêndice do PSDB. Somos parceiros".

Crespo lamentou ainda a postura revanchista "de quem talvez ainda não tenha se convencido da realidade" e a atitude de "verdadeira selvageria tucana. Nós vamos continuar apoiando o Executivo, somos parceiros. Queríamos uma Mesa de governabilidade, respeitando-se o princípio da proporcionalidade dos partidos", afirmou.

Em seu discurso, Crespo explicou parte das negociações que culminaram com a eleição do deputado Rodrigo Garcia para a Presidência da Casa e o preenchimento dos demais cargos da Mesa sem a presença do PSDB. Segundo o parlamentar, respeitando-se esse princípio, mesmo com a vitória de Rodrigo Garcia, o PSDB poderia ter ficado com a 2.ª Secretaria, já que a 1.ª Secretaria caberia ao PT, partido com maior número de deputados na Casa. "Mas o PSDB recusou a 2.ª Secretaria. Estamos sendo acusados de colocar em risco a governabilidade do Estado de São Paulo, mas se alguém colocou em risco a governabilidade foi o PSDB."

Crespo foi categórico, ainda, ao afirmar que, nos dias que antecederam a disputa, em nenhum momento a bancada do PSDB procurou a bancada do PFL para negociar. "O que houve foram apenas consultas individuais por parte do deputado Edson Aparecido".

O deputado esclareceu que, nessas poucas consultas, foi oferecida ao seu partido a 1.ª Secretaria da Casa, "mas ficamos sabendo que a mesma 1.ª Secretaria estava sendo negociada pelo candidato do PSDB com outras bancadas, o que nos levou a repensar nossa posição".

Picuinhas

Ao comentar retaliações e revanchismos que já estariam ocorrendo contra os deputados que votaram em Rodrigo Garcia, o deputado José Caldini Crespo disse na tribuna que tem certeza de que o governador Geraldo Alckmin "não sabe dessas picuinhas". Uma das atitudes revanchistas seria o cancelamento de uma audiência que o deputado Vinícius Camarinha " coincidentemente dono do último voto recebido por Garcia, graças à ordem alfabética em que é realizada a votação " teria hoje com o secretário da Educação, Gabriel Chalita.

"Só temos a lamentar atitudes como essa. Espero que em dois ou três dias o bom senso retorne a esta Casa, que os deputados do PSDB entendam que nós continuamos parceiros, que contenham esses poucos tucanos selvagens e que possamos trabalhar em prol da governabilidade".

jccrespo@al.sp.gov.br

alesp