Opinião - Efeito estufa registra recorde alarmante


26/11/2010 16:28

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Em boletim, do último dia 24 de novembro, da Organização Meteorológica Mundial (OMN) foi divulgado que as emissões de gases de efeito estufa alcançaram um nível recorde no ano passado. A informação é alarmante. Especialmente levando-se em consideração que os principais gases-estufa de vida longa, entre eles o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, atingiram seus níveis mais altos, desde o início da era industrial, apesar da crise econômica recente que gerou recessão.

Segundo a agência, que é um órgão da ONU, as concentrações de gás carbônico aumentaram, em 2009, em 1,6 parte por milhão, chegando a 386,8 partes por milhão. Antes da era industrial, a concentração média de gás carbônico era de 280 partes por milhão. E quanto maior a concentração de gases causadores do efeito estufa, mais o calor fica preso na atmosfera.

O dióxido de carbono é isoladamente o mais importante gás-estufa causado pela atividade humana. Sua concentração aumentou 38% desde 1750, principalmente devido às emissões provocadas pela queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e mudanças no uso da terra. Já as emissões naturais de metano estão crescendo, entre outros motivos, por conta do derretimento da calota de gelo ártico e ao aumento da precipitação pluviométrica em regiões úmidas, elas próprias causadas pelo aquecimento global.

Atividades humanas como a criação de gado, o plantio de arroz, a exploração de combustíveis fósseis e aterros sanitários são responsáveis por 60% das emissões de metano, e fontes naturais respondem pelo restante.

Ou seja, a situação é preocupante. Embora diversas ações já estejam sendo feitas para a redução e neutralização das emissões destes gases ainda há muito a ser feito. Mas é importante ressaltar que este não é um desafio apenas dos governantes e líderes mundiais. Este é um desafio de cada indivíduo, de cada cidadão.

Como parlamentar, elaborei o Projeto de Resolução 22/2007, que propõe a criação do Programa Carbono Neutro para a neutralização total ou parcial das emissões de carbono decorrentes das atividades desenvolvidas na Assembleia Legislativa.

Embora o projeto ainda não tenha sido aprovado, já adotei essa prática no meu ambiente de trabalho. Há três anos, através do Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN) foi feito o inventário das emissões de dióxido de carbono geradas pelas atividades do meu gabinete. A partir deste inventário, determinante para o cálculo do número de árvores necessárias para neutralizar tais emissões, plantei, em 2008, quase cem mudas de árvores no Parque Cotia-Pará, em Cubatão, e, em 2009 e 2010, outras 200 no Parque Ecológico do Tietê, as quais terão o seu devido monitoramento pelo instituto.

Se a Assembleia como um todo, envolvendo seus departamentos, e se cada um dos deputados paulistas fizer o mesmo, mais árvores serão plantadas para absorver o CO2 da atmosfera, servindo de exemplo para outros órgãos públicos e demais casas legislativas do Brasil. Afinal, nossa geração foi a maior emissora de gases de efeito estufa, cujas consequências já podem ser constatadas no nosso dia a dia, com as mudanças climáticas que tem preocupado a todos.

Não podemos mais reverter esse processo, mas podemos, sim, evitar maiores prejuízos para o meio ambiente e para o ser humano. Temos que preservar o nosso planeta e a vida das futuras gerações.

* João Caramez é deputado estadual pelo PSDB e coordenador das frentes parlamentares das Hidrovias e de Apoio à Mineração, que visam o desenvolvimento sustentável do Estado de São Paulo. Caramez é o primeiro parlamentar paulista a neutralizar as emissões de carbono em seu gabinete, por meio do plantio de árvores.



"O Projeto de Resolução 22/2007 propõe o Programa Carbono Neutro relativo às atividades desenvolvidas na Assembleia Legislativa"

alesp