O ERRO DE ESPALHAR O PCC ENTRE OS PRESOS - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
22/03/2001 16:02

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O governador Geraldo Alckmin, que já começou a mostrar vontade de corrigir os graves problemas da política de segurança pública e do sistema prisional do Estado de São Paulo, precisa ficar atento quanto ao risco de conseqüências desastrosas de uma decisão tomada por seus assessores: a de retirar os líderes da facção de presos Primeiro Comando da Capital (PCC) principalmente da Casa de Detenção e espalhá-los por outros presídios.

A transferência de centenas de detentos de alta periculosidade foi feita nos últimos dias, como parte das providências tomadas pelo governo para tentar evitar a repetição de grandes motins, como o de 18 de fevereiro, comandado tranqüilamente por líderes do PCC com o uso de telefones celulares. Essas medidas, porém, além de tímidas para acabar com privilégios de presos nas cadeias, são também de uma eficácia que contesto por completo, com base em minha experiência de 14 anos como deputado estadual e de mais de 30 anos como jornalista especializado em violência e criminalidade.

Minha explicação para o verdadeiro absurdo colocado em prática pelo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, é simples: ao retirar esses perigosos líderes do PCC de seus presídios originais e colocá-los em cadeias do interior, o governo não está confinando o mal e sim espalhando o mal, fazendo com que esses líderes sejam perniciosos junto a detentos não tão maléficos. O certo seria juntar todos os líderes do PCC num só presídio de segurança máxima e mantê-los totalmente confinados, sob completa vigilância. Quantos são eles? Em torno de 400 ou 500? Podem caber num só presídio, a ser cuidadosamente preparado. Bandido cruel tem de ficar isolado: é precaução.

*Afanasio Jazadji é radialista e deputado estadual pelo PFL.

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