Só a união de forças vencerá o crime

Opinião
06/05/2005 16:01

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A incrível escalada na violência, que espalha tragédias e medo por todo o País, exige algo muito além de discursos do presidente da República e dos governadores. O marketing político bancado por governos não é suficiente para ocultar o aumento dos casos de seqüestros, roubos, homicídios e tráfico de drogas. O Brasil vive em estado de guerra. E, numa situação de guerra, o poder público é obrigado a defender, de modo competente, a vida e o patrimônio de cidadãos que pagam impostos.

Uma vez que enfrentamos um clima de exceção, só resta às autoridades aplicar soluções radicais. Quem viveu no Brasil nos anos 60 e 70, considerados "anos de chumbo", sabe que as tragédias daquele tempo poderiam ter sido ainda mais numerosas e mais graves se os governos militares não tivessem montado um esquema eficaz para combater terroristas que assaltavam bancos, matavam e seqüestravam personalidades.

Nenhum tipo de ditadura de direita ou de esquerda provoca saudade. Hoje, o Brasil passa por grave crise econômica e por uma série de trapalhadas políticas, mas sustenta um saudável sistema democrático. No entanto, aquele passado sombrio, por mais doloroso que tenha sido, pode indicar uma saída para o País atual: contra inimigo radical, tem de haver enfrentamento idêntico. Com 18 anos de experiência como deputado estadual especializado em segurança pública, não vacilo em sugerir que o Brasil recorra à montagem de uma poderosa Força Nacional contra o crime. Caso contrário, persistirá o medo!

Para os que acompanharam fatos de 30 ou 35 anos atrás, cabe uma reflexão. Para os mais jovens, que só ouviram falar dos tempos de ditadura, aqui vão algumas explicações sobre esse período conturbado: de um lado, militares do poder alegavam defender a ordem e combater a corrupção; de outro lado, terroristas de esquerda recorriam às armas. No centro desse confronto estavam cidadãos pacíficos que apenas tentavam trabalhar e viver.

O regime militar elegeu os terroristas como inimigos da Pátria. Montou-se um enorme aparato das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) com o reforço da Polícia Federal e das Polícias Civil e Militar dos Estados. Investiu-se em equipamento. A repressão funcionou. É verdade que houve seqüelas. Uma delas: militantes políticos ensinaram técnicas de organização aos seus companheiros de cadeia, bandidos comuns. Surgiu, por exemplo, o Comando Vermelho, braço do crime organizado e do tráfico de drogas no Rio de Janeiro.

Hoje já não há terroristas e a situação do Brasil é outra. Entretanto, estamos longe de conseguir a paz. Os bandidos se organizam, o tráfico de drogas impera, os casos de seqüestros se multiplicam. Criminosos estão em toda parte, infiltrados nas polícias e até na Justiça. Tanto no governo federal quanto nos governos estaduais, falta coragem política para atacar as quadrilhas. Está na hora de esquecer a coloração partidária e unir forças, para evitar que as pessoas de bem se sintam como idiotas. É importante estabelecer uma competente forma de repressão ao crime e punir os bandidos com rigor.

Existe saída. Em vez de os principais partidos ficarem antecipando um confronto que deveria existir só nas eleições de 2006, o País todo deveria ver que o grande inimigo em comum é a criminalidade, o tráfico de drogas. Ao gastar fortunas no tratamento de drogados, o Brasil desperdiça dinheiro que deveria ser usado em campanhas de prevenção contra o vício e no combate aos poderosos traficantes. O Estado de São Paulo, por ser o mais populoso e o mais desenvolvido do País, poderia sair na frente. Por sua vez, o governo federal tem de abandonar a turma dos "direitos humanos" e partir para soluções.

Existem homens suficientes para entrar na guerra contra o crime: soldados do Exército, o efetivo da Marinha, as milícias da Aeronáutica, a Polícia Federal, os policiais civis e militares dos Estados, reforçados por um sistema de inteligência capaz de vigiar o território e articular ataques contra os bandidos. Se o narcotráfico é o grande inimigo, cabe a uma Força Nacional agir em defesa da sociedade que já não pode nem mesmo ter armas para se proteger dos criminosos, tanto nas metrópoles quanto em pequenas cidades.

A História mostra que a razão começa a prevalecer só a partir do uso da força contra as ameaças à paz. Foi assim num Brasil de três décadas atrás, num Japão que baniu os traficantes e numa Nova York que optou por "tolerância zero contra o crime". Até quando teremos de lamentar tragédias e verificar o total de mortes de cada dia, como fazem no Iraque e em países da África?

*Afanasio Jazadji é advogado, jornalista e deputado estadual pelo PFL.

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