DA REDAÇÃO (com fotos) São 125 delegacias, 47% das unidades existentes em todo o país, com muitos problemas em comum. Para fazer um diagnóstico e traçar planos de ação para as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) em São Paulo, a Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa realizou audiência pública com delegadas de todo o Estado nesta segunda-feira, 10/12."Relatório apresentado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, órgão ligado ao Ministério da Justiça, apontou que as DDMs estão em situação caótica no Brasil", afirmou a deputada Rosmary Corrêa (PMDB), que preside a Comissão de Segurança Pública e foi a primeira delegada da Defesa da Mulher do Estado, em 1985, ano em que foram criadas as delegacias de atendimento às mulheres vítimas de violência.A deputada criticou também os efeitos danosos da Lei 9.099, que criou os Juizados Especiais Criminais. "Ao considerar a agressão à mulher um crime de menor potencial ofensivo, essa lei, que é boa quando trata de danos, revelou-se um retrocesso no caso da violência doméstica", disse.Tratamento particularizadoNa cerimônia de abertura da audiência, que contou com a presença do presidente da Assembléia Legislativa, Walter Feldman, e de outros parlamentares membros da comissão, o representante do Ministério Público de São Paulo, Carlos Cardoso de Oliveira Jr., reconheceu que a violência doméstica merece tratamento particularizado por parte das instituições públicas. "Tanto o Ministério Público como o Poder Judiciário precisam rever sua estrutura organizacional e ter varas especializadas no trato dos problemas da violência contra a mulher", disse.A proposta é endossada pelas delegadas (sete do interior e duas da capital) que, em encontros precedentes à audiência pública, ficaram encarregadas de relatar problemas e propostas de suas regiões para as DDMs. Elas reivindicam, entre outras coisas, a montagem de equipes interdisciplinares nas delegacias, com a presença de psicólogos e assistentes sociais e a elevação de classe das DDMs, o que as equipararia às delegacias especializadas e as habilitaria a atuar 24 horas por dia, em turnos de plantão.Também foram apontadas as necessidades de pessoal em número adequado e com treinamento, infra-estrutura, informatização e tratamento diferenciado para as estatísticas referentes aos casos de violência contra a mulher. "Da maneira como o levantamento é feito hoje, as DDMs não conseguem mostrar em números a dimensão do seu trabalho", reconheceu Rose. Na IV Conferência Mundial que a ONU realizou na China, em 1995, relatório da ONG America´s Watch apontou o Brasil como campeão mundial de violência contra a mulher.