O PERIGO DO BENZENO - OPINIÃO

Pedro Tobias*
14/12/2001 14:22

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Realizamos recentemente, na Assembléia Legislativa de São Paulo, audiência pública para discutir as graves denúncias sobre o alto índice de benzenismo e leucopenia que vem flagelando milhares de trabalhadores em todo o país, especialmente no pólo industrial de Cubatão.

É importante esclarecer que o benzenismo é resultante da inalação e exposição sistemática ao benzeno, subproduto do carvão utilizado nas siderúrgicas para fabricação do aço. Já a leucopenia se caracteriza pela diminuição dos glóbulos brancos, acarretando a anemia plástica e a leucemia, de forma que uma simples gripe pode ser a causa de morte de pessoas leucopênicas.

Tanto o benzenismo como a leucopenia são doenças que podem ser contraídas em siderúrgicas, em instalações petroquímicas, em indústrias químicas ou laboratórios que utilizam o benzeno, como os produtores de cola sintética, tinta e vernizes, impressores e atividades de pinturas por pulverização.

Daí a importância de se discutir, fiscalizar e acompanhar os portadores de benzenismo. Durante a audiência pública, Mauro Rozman, médico do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos, disse que, entre os anos de 1980 e 1995 existiam 2 mil casos de benzenismo: 1.200 eram de funcionários da Cosipa e 800 de prestadores de serviços. Dentre esses casos, 152 apresentaram alteração na medula óssea. O médico informou ainda que o número de óbitos reconhecidos pela Justiça entre os anos de 1983 e 2001 é de três, mas avalia-se que o número de pessoas que tenham morrido em decorrência da leucemia chegue a mil.

Portanto, trata-se de uma doença grave e irreversível. Segundo a Organização Mundial da Saúde e a legislação brasileira, o benzeno é uma substância cancerígena.

Para se ter noção dos perigos causados pelo benzeno, informo que de uma lista com três mil substâncias tóxicas, ele ocupa o quinto lugar.

Há 100 anos o benzeno é conhecido como uma droga cancerígena. Por isso essa substância deve ser encarada como um veneno e ninguém deve ser exposto a ela.

Milhares de trabalhadores lutam pela sua dignidade em seus postos de trabalho e nós, deputados, temos que estar solidários ao problema. Tenho certeza de que a Assembléia Legislativa não se omitirá nessa questão.

*Pedro Tobias é médico, deputado estadual pelo PSDB e membro da Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia.

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