Dois anos sem Mário Covas


06/03/2003 18:19

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Como santista, ele estaria exultante ao ver que o time campeão brasileiro é também o clube que traz neste momento a alegria do futebol nos pés de Robinho. Embora tenha usufruído do privilégio de ver Pelé, Pepe, Dorval, Zito, Mengálvio, Coutinho, Tite, Garrinha e tantos outros craques jogarem, seria uma visão de encanto testemunhar que o raio caiu duas vezes no mesmo lugar, trazendo alegria ao futebol mundial.

Robinho não é um novo Pelé. Assim também Mário Covas não deixa substitutos, mas sim um legado de domínio público.

Mário Covas Júnior nasceu em Santos, em 21 de abril de 1930, filho de Mário Covas e Arminda Carneiro Covas. Casado com Florinda Gomes Covas teve dois filhos, Renata e Mário, e quatro netos: Bruno, Gustavo, Mário e Sílvia.

Foi aluno do Colégio Santista e, em São Paulo, estudou no Colégio Bandeirantes. Graduado em química industrial, tornou-se professor. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, turma de 1955. A militância política teve início no movimento estudantil dos anos 50. Foi vice-presidente da UNE - União Brasileira dos Estudantes - em São Paulo. Formado, prestou concurso público na Prefeitura de Santos, onde trabalhou como engenheiro até 1962.

Praticou vários esportes na juventude, dedicando-se especialmente ao tênis e ao futebol. Sócio remido do Santos Futebol Clube, recebeu recentemente o título de Conselheiro Emérito.

Candidatou-se a prefeito de Santos em 1961, pelo PST, obtendo o segundo lugar na votação. No ano seguinte, e pelo mesmo partido, elegeu-se deputado federal. Com a extinção dos partidos políticos em 1966, foi um dos fundadores do MDB, pelo qual nesse mesmo ano se reelegeu deputado federal.

Aos 37 anos de idade, o jovem parlamentar liderou uma bancada composta por figuras expressivas da vida política brasileira, como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Yvete Vargas, entre outros.

Em 16 de janeiro de 1969, teve seu mandato cassado pela ditadura militar e os direitos políticos suspensos por dez anos. Alijado da vida política do país, Mário Covas dedicou-se à atividade privada, como engenheiro.

Ao recuperar seus direitos políticos, em 1979, foi eleito presidente do MDB de São Paulo. Com a extinção da legenda, foi o principal articulador da fundação do PMDB e seu presidente estadual em três mandatos.

Eleito deputado federal com 300 mil votos em 1982, foi nomeado em março de 1983 secretário dos Transportes do governo Montoro. Indicado por Montoro e aprovado pela Assembléia Legislativa, tornou-se prefeito da capital paulista em 10 de maio, cargo que ocupou até 31 de dezembro de 1985.

Sua gestão na Prefeitura paulistana, dedicada a "encurtar as distâncias sociais" da cidade, priorizou obras e serviços na periferia e deixou algumas marcas definitivas: os mutirões para construção de guias e posterior pavimentação de ruas, com intensa participação popular; a intervenção nas empresas privadas de ônibus, que ameaçavam locaute; e a instituição do passe gratuito no transporte coletivo para idosos - iniciativa pioneira no país.

Após deixar a Prefeitura, Mário Covas foi eleito senador, em 1986, com a maior votação da história do Brasil até então: 7,7 milhões de votos. Líder do seu partido na Assembléia Nacional Constituinte, Covas foi o grande articulador das comissões temáticas que garantiram a participação democrática de todos os segmentos organizados da sociedade na elaboração da Carta Magna.

Em junho de 1988, Mário Covas foi um dos fundadores do PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira - e, meses depois, seu presidente nacional. No ano seguinte, 1989, seu partido o fez candidato a presidente da República, eleição em que obteve o quarto lugar. Em 1990, outra vez o PSDB o fez candidato, desta vez a governador, quando ficou em terceiro lugar.

Prestes a encerrar seu mandato de senador, Covas foi eleito governador do Estado de São Paulo em 1994 com 8,6 milhões de votos e reeleito em 1998 com 9,8 milhões. Seu primeiro mandato foi dedicado ao saneamento das finanças públicas. Com as finanças públicas em ordem e realizado o programa de privatizações e concessões, o governo Covas iniciou seu segundo mandato com a possibilidade de realizar um programa de investimentos de grande envergadura.

Antes de concluir seu mandato, Covas enfrentou de forma comovente a doença que lhe acometera. A impressionante demonstração de solidariedade popular e as manifestações de carinho que recebeu ao longo de sua cruzada pela vida demonstraram o quanto um político pode obter de apreço popular. No dia 6 de março de 2001, o Brasil testemunhou nas ruas da capital paulista um ritual de adeus, emocionante, saudoso, silencioso e inesquecível.

alesp