FRASES E AÇÕES

Milton Flávio*
28/03/2001 16:00

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Alguém já disse que o otimista é um pessimista mal informado. Já se disse também que esperança é coisa de criança. As duas frases são boas, bem ao gosto de quem, por dever de ofício ou comodismo, prefere encarar a vida com ceticismo. A esperança pura e simples, de fato, não leva a lugar algum. Pressupõe uma ingenuidade que nem a mais tola das crianças tem. O otimismo, no entanto, é a principal arma daqueles que acreditam que é necessário - e possível - mudar o mundo. Desde que, claro, sejam criadas as condições para isso.

Numa sociedade cada vez mais globalizada e competitiva - e, por extensão, individualista -, pode soar estranha a defesa do cooperativismo como forma de minimizar os problemas sociais. Dia desses, um amigo me disse com fina ironia: "No ano internacional do voluntário, o que as pessoas mais querem é um emprego remunerado." Novamente, estamos diante de uma boa frase. Mas boas frases, sabe-se, não resolvem problemas. É tolice imaginar que, sem a união e a cooperação entre as pessoas em torno de objetivos comuns, o Estado pode resolver todas as questões.

É por essa razão que, no dia 13 de março, criamos na Assembléia Legislativa de São Paulo a Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista. Seu objetivo é reunir parlamentares de todos os partidos, para que se mude a legislação em vigor, reconhecidamente inadequada, a fim de que sejam incentivadas a criação de novas cooperativas e ampliada a sua participação nas mais diversas áreas.

De acordo com informações da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (OCESP), há em São Paulo cerca de 1,2 mil cooperativas com mais de 2 milhões de associados. Elas atuam em nove ramos distintos: educação, saúde, trabalho, produção, habitação, consumo, agropecuário, crédito e infra-estrutura. Seu faturamento anual corresponde a algo em torno de R$ 7 bilhões.

Ainda segundo a OCESP, mais de 140 mil pessoas desenvolvem suas atividades não como empregados, mas como donas de seus próprios negócios. Na área da saúde, 130 mil profissionais prestam atendimento médico-odontológico diretamente aos pacientes. E eis aqui a principal característica do cooperativismo: eliminar intermediários, proporcionar maior rentabilidade para os cooperados e maior economia para os consumidores. Estima-se que, no mundo, existem mais de 800 milhões de cooperados - o que pressupõe a existência de pelo 2 bilhões de pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao cooperativismo.

Nos últimos tempos, a exemplo do que fizeram várias empresas e bancos, algumas cooperativas cometeram deslizes. É justamente para melhor organizá-las, definir com clareza e justiça as regras a que devem se submeter e fiscalizar sua atuação, que surgiu a Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista, que tenho o prazer de coordenar. Fortalecer o cooperativismo é um desafio que está colocado a todos os que, em vez de frases de efeito, continuam acreditando na cooperação entre os homens e na possibilidade de transformar o mundo - para melhor.

*Milton Flávio é deputado estadual pelo PSDB.

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