A Assembléia Legislativa sediou na manhã desta quinta-feira, 29/3, o debate público promovido pela Federação Nacional dos Urbanistas (FNU) sobre projeto do Executivo que prevê a retomada do bombeamento de águas do rio Pinheiros para o reservatório Billings, após tratamento físico-químico, com a conseqüente ampliação da produção de energia pela Usina Hidrelétrica Henry Borden.O diretor da FNU, José Eduardo de Campos Siqueira, declarou que "a Federação não é contra a recuperação da qualidade da água dos rios Pinheiros e Tietê, nem contra a produção de energia elétrica, mas existem algumas preocupações quanto ao projeto". Para ele, "não existe relação entre o projeto proposto, de tratar por flotação as águas do Pinheiros, e o projeto de despoluição do rio Tietê, que se encontra na sua segunda etapa, além de se afigurarem insuficientes os estudos sobre o impacto ambiental do bombeamento para a represa Billings".Siqueira observa, ainda, que o método da flotação não remove determinadas substâncias, sendo, portanto, limitado e provocando, não só um impacto ambiental, mas também um impacto sanitário quanto à tratabilidade da água da represa.Depois de expor dados estatísticos sobre a capacidade de produção da Henry Borden, que tem uma geração média anual de energia de 108 MW, devendo passar para uma produção adicional de 298 MW, o professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da Usp, Ildo Sauer, chamou a atenção para o fato de a proposta do governo estar privilegiando o lado econômico, em detrimento do lado social do projeto. "Quem comprar vai ter que se aliviar dos riscos do projeto, transferindo-os para a sociedade, mas engordando os balanços da empresas, à custa do interesse público", comentou, acrescentando que "a solução natural é fazer com que as empresas de saneamento cumpram a sua função básica". Ao terminar sua intervenção, Sauer conclamou a Assembléia paulista, as prefeituras envolvidas e a sociedade a debater com mais rigor a questão, fazendo pressão para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a expansão do setor de energia e de saneamento.Também o deputado petista Donizete Braga cobrou providências do governo do Estado, no sentido de dar maior publicidade ao debate do projeto. Ele lembrou os 76 anos da Billings e sua importância para o desenvolvimento da região metropolitana, e criticou o projeto em pauta, afirmando que, "no que diz respeito à potabilidade da água, o projeto é nulo".O deputado Nivaldo Santana (PCdoB) falou do processo de privatização dos serviços públicos em curso no Estado: "A sociedade paulista precisa entrar em estado de alerta máximo, pois, além do racionamento da água, vem aí um racionamento de energia, tudo isto por culpa da privatização da gestão pública."O evento, presidido pelo deputado José Mentor (PT), contou com a participação da Comissão de Meio Ambiente da OAB, da Associação Brasileira de Engenheiros Sanitários e Ambientalistas, de diversos sindicatos e de representantes da prefeitura do município de São Paulo, de São Bernardo do Campo e de Mauá.