Assembléia Popular do dia 4/4/2007


09/04/2007 18:41

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Atendimento precário na saúde

Luiz Silveira, do Movimento Brasileiro contra a Indústria da Doença, pediu a atenção da população de São Paulo para fatos graves que vêm ocorrendo na área de saúde pública no município. Ele citou o ocorrido com uma adolescente que foi internada no Hospital Planalto de Itaquera para ter seu filho e morreu, depois de dez dias, em função do atendimento precário. Afirmando já ter denunciado o fato à OAB e ao Ministério Público, Silveira pediu aos deputados que se empenhem também no sentido de coibir o "descaso das autoridades de São Paulo com a saúde pública".

Mais seriedade

Silvio Luiz Del Giudice, líder dos moradores do Jardim Tremembé, usou seu tempo na tribuna apresentando as manchetes de várias publicações sobre temas como o alastramento da dengue pelo país, a criação de cargos públicos e um balanço sobre a atuação dos parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele condenou a "falta de seriedade de publicações que não tratam de temas que poderiam gerar uma política que melhorasse a qualidade de vida". Solicitou ainda maior presença dos deputados no plenário da Assembléia Legislativa.

Crianças nas ruas

José Gomes Pinheiro, delegado da população de rua e albergues de São Paulo, pediu a atenção das autoridades e da população em geral para a situação de "meninas e meninos que não podem ficar morando nas ruas, muitos debaixo de pontes e em lugares perigosos". Pinheiro afirmou que "muitas pessoas usam as crianças como se fossem escola de Carnaval", pedindo providências das autoridades "em regime de urgência".

Rebatendo críticas

Rodolfo Barbosa subiu à tribuna para rebater críticas feitas a ele por outros oradores. Disse que não é um reacionário e que não participa da Assembléia Popular para "falar besteiras". Atacou o governo Lula, caracterizando-o como corrupto, e disse que, como militante do PTB, acredita no trabalho e na ideologia do trabalhismo.

Campo de Marte

Reinaldo Marcolino da Silva, do Movimento pela Preservação dos Campos de Futebol, protestou contra projeto da Prefeitura de São Paulo de construir "uma arena de shows" no Campo de Marte. Seu objetivo é lutar pela preservação daquela área, que, segundo ele, corresponde a seis campos de futebol, "espaço que não pode ser perdido". Silva apresentou aos presentes um abaixo-assinado pela conservação da área e estendeu seu pedido de apoio aos parlamentares da Assembléia Legislativa".

Jovens

Marco Aurélio Cinoqui Amaral, do Rotaract Club São Paulo de Vila Formosa, criticou o governo Lula e o classificou de corrupto. Marco pediu que a tribuna fosse ocupada por pessoas realmente comprometidas com a juventude e o debate de idéias.

Precariedade do Iamspe

Representante da comissão consultiva mista do Iamspe, Maria Antônia de Oliveira Vedovato, apontou o descaso do governo estadual com relação à saúde dos servidores públicos. Ela registrou a dispensa de funcionários que prestavam serviços nos centros de atendimento médico-ambulatorial, fato que agravou ainda mais a situação já precária dos serviços de saúde. Destacou que o instituto funciona apenas com os recursos provenientes da contribuição dos servidores, uma arrecadação que totaliza apenas de R$ 400 milhões, e que o governo se isenta de contribuir com sua cota-parte. Vedovato pediu a atenção dos parlamentares para os problemas do Iamspe.

Policiais discriminados

"O governo Alckmin discriminou os policiais e esta herança foi passada ao governo Lembo, que nada fez", afirmou Clóvis Oliveira, da Associação dos Funcionários Civis e Militares do Brasil. O orador afirmou ainda que Serra deixou na prefeitura o prefeito Kassab, que, em vez de se preocupar com a superlotação e o mau atendimento dos hospitais, cria caso com placas de propaganda e o barulho das feiras livres. Lamentou a saída dos policiais do trânsito e criticou a postura dos "marronzinhos", que, em vez de orientar, só multam.

O tempo é do cidadão

Ao queixar-se da participação, na semana passada, de uma vereadora na tribuna da Assembléia Popular, José Roberto Alves da Silva pediu que fosse dobrado o tempo destinado aos oradores. "Os parlamentares já gozam do tempo nas tribunas dos plenários. Esta tribuna é destinada à comunidade", ponderou. Silva também criticou a distinção feita entre a filha de uma apresentadora, acusada de tráfico de drogas, e outros jovens que se encontram presos por delitos até menos gravas. "A moça conseguiu sua liberdade em 72 horas, enquanto nossos jovens de periferia precisam esperar 45 dias para conseguir uma simples audiência."

Calvário

"Meu comentário deveria ser feito no Dia de Todos os Santos, mas vou aproveitar a aproximação da Sexta-Feira da Paixão para fazê-lo. Falo do calvário que o jovem sofre todos os dias quando tenta se posicionar. É escorraçado, acusado de falar besteira, desqualificado como reacionário ou louco. Entretanto, digo que temos em Brasília o governo mais corrupto da história. Um governo que não consegue resolver o caos do setor aéreo, da saúde e da educação", afirmou Anderson Cruz, do Instituto de Educação São Paulo.

Raposa no galinheiro

Mauro Alves da Silva informou que o Grêmio Social Recreativo Sudeste publicou cartilha intitulada Conselho Tutelar: Equívocos de A a Z. Segundo ele, há muitas distorções na composição, nos critérios de eleição e no funcionamento dos conselhos tutelares da criança e do adolescente. Um deles é a introdução de técnicos dos governos municipais e estadual como conselheiros. "Quando crianças e jovens sofrem agressões contra seus direitos por parte de agentes públicos, como estes serão tratados por aqueles conselheiros? É mais um caso da raposa cuidando do galinheiro."

Falta de atenção

José Leonilson de Queiroz Almeida, do Instituto Capivari Filhos da Terra, reclamou do subprefeito de Parelheiros que não toma providências para a reforma da ponte sobre o rio Capivari e trata o bairro Marsillac como local de invasão. Apontou como problemas graves da região o furto de carros, de fios e de transformadores. Também reclamou da falta de um hospital em Parelheiros.

Executados

A morte de policiais executados pelo crime organizado foi tema da participação de Maria Lima Matos, delegada de polícia aposentada e presidente da entidade Mulheres em Defesa da Vida. Para a oradora, esta situação é resultado da política de segurança "sanguinária e imoral" do governo Serra. Pediu maior policiamento nas periferias da capital.

Secretário "fajuto", prefeito de "faz-de-conta"

Robson César Correia de Mendonça, do Movimento pelos Direitos da População em Situação de Rua em São Paulo, agradeceu ao deputado Ênio Tatto por se fazer presente na plenária do pessoal em situação de rua. Robson afirmou que o que se viu foi um secretário "fajuto". O secretário alegou, segundo Robson, que as pessoas permanecem na rua porque não querem ir para os albergues, quando, na verdade, todos os dias há filas e muitos não conseguem vagas. Para o orador, o prefeito de "faz-de-conta" não investe em políticas públicas de qualidade e pediu ao secretário, ao prefeito e ao governador que tomem "vergonha na cara".

Orgulho do presidente

Josanias Castanha Braga, do Movimento Social Parelheiros, criticou o pedido de abertura de CPI para apurar o apagão aéreo quando há inúmeras CPIs que o PFL e o PSDB não deixaram ser aprovadas. "A televisão só focaliza problemas que atingem a burguesia", bradou Josanias. "E os nossos problemas?", indagou. Para ele, os problemas do transporte coletivo, que atingem a grande massa da população, deveriam ser enfatizados. Afirmou que tem orgulho do segundo mandato do presidente Lula e que tem certeza de que o povo votaria novamente nele se houvesse a possibilidade de mais um mandato.

Barriga vazia

Ana Cristina Vieira Silva, do Movimento pelos Direitos da População em Situação de Rua, disse que os menos favorecidos estão sendo esquecidos. Segundo ela, prioriza-se a recuperação de praças, deixando de lado o que realmente importa: a criação de empregos, a melhoria da saúde, o combate à fome. "Ninguém passeia na praça com a barriga vazia", argumentou. Reivindicou que os professores trabalhem mais a questão da discriminação nas escolas. Para ela, este seria um instrumento para formar pessoas que possam lutar por um país melhor. Criticou ainda o fato de que professores são ameaçados nas escolas por alunos e sugeriu que haja revista na porta das escolas.

Falta de vagas

Ianete dos Santos, da organização não governamental Embu-Guaçu em Ação, relatou o problema de uma mãe que tentou conseguir vaga na escola para o filho no Jardim Ângela e não conseguiu. Ela acompanhou esta mãe a todas as unidades escolares da região, ao Conselho Tutelar e à Secretaria da Educação e não obteve êxito; a criança foi remanejada para uma escola distante, causando muitos transtornos à família. Reclamou também de ter tido seus documentos presos na Previdência Social deste 2003 e da dificuldade de conseguir emprego, uma vez que hoje só consegue uma vaga quem tem até 36 anos e uma "cara bonitinha".

Festival de falácias

Merice Andrade Quadros, da organização não governamental Embu-Guaçu, referiu-se ao "festival de falácias" que vem assistindo na televisão por causa do apagão aéreo. "Eu queria que a televisão mostrasse a população horas e horas na frente de um ponto de ônibus, sem conseguir se transportar com dignidade", bradou. Merice acha que se dá tanta ênfase ao problema do tráfego aéreo porque este atinge a burguesia. Pediu também que escolas técnicas sejam implantadas em Embu-Guaçu, município que, segundo ela, é profundamnete carente de estrutura social.



O programa Assembléia Popular coloca uma tribuna à disposição dos cidadãos que queiram expor sua opinião a respeito de um tema de interesse da comunidade, todas as quartas-feiras, das 12h às 13h. As inscrições podem ser feitas no próprio dia em que os oradores pretendem fazer uso da palavra, das 11h15 às 11h45, no auditório Franco Montoro, no andar Monumental da Assembléia Legis­lativa. Para isso, os interessados devem preencher um formulário no local, res­pon­sabilizando-se pelas opiniões que serão emitidas. É necessária a apresentação de documento de identidade. Cada inscrito pode falar por, no máximo, dez minutos. As sessões da Assembléia Popular são transmitidas pela TV Assembléia aos sábados, às 12h, pelos canais 13 da NET e 66 da TVA.

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