Assembléia discute políticas públicas para o Idoso


10/03/2003 19:08

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DA REDAÇÃO

O I Fórum Permanente de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa reuniu, nesta segunda-feira, 10/3, especialistas, voluntários, idosos, representantes de Ong's (organizações não-governamentais), políticos e representantes da Cúria Metropolitana de São Paulo.

Na abertura, Aparecida dos Santos, do Conselho Municipal do Idoso, elogiou a iniciativa da Igreja Católica de escolher como tema de reflexão da Campanha da Fraternidade de 2003 a Fraternidade e Pessoas Idosas, entretanto criticou o atraso de mais de vinte anos, no país, para que o assunto entrasse na pauta da Campanha. Convocando os presentes a lutarem para que as "leis saiam do papel" ao lembrar o projeto de lei, parado no Congresso, que cria o Estatuto do Idoso, ela ponderou que "o idoso está muito organizado e bastante mobilizado, mas ainda há a necessidade de nos juntarmos para fortalecer esse trabalho, aliado à legislação que disciplina o funcionamento das entidades para os idosos".

O deputado João Caramez (PSDB), organizador do evento, declarou que a Assembléia Legislativa é o fórum apropriado para se implementar a política de valorização do idoso, fazendo com que ele exerça a verdadeira cidadania. Ao parabenizar a iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela escolha do tema desta Campanha, lembrou o empenho do ex-governador Mário Covas, falecido há dois anos, por um envelhecimento saudável, o que acabou gerando uma série de iniciativas do governo neste sentido. O deputado propôs a criação de creches do idoso, onde eles passariam o dia, de preferência a serem construídas próximas às escolas, fortificando a integração criança/idoso. Segundo ele, "mais uma forma de aprendermos a envelhecer, olhando o futuro".

Moacir Rossetti, representante do secretário da Agricultura, fez uma apresentação dos programas daquela pasta voltados para o idoso, como o Vivaleite Idoso e o Bom prato, que serve refeições por um real, com o objetivo de atender à população de baixa renda.

Esta Quaresma, se depender do coordenador da Campanha da Fraternidade no Estado, Luiz Antônio de Souza Amaral, será marcada por um trabalho direto com a mentalidade, a consciência das pessoas, contra os preconceitos que a sociedade ainda tem para com o idoso. Os principais, segundo ele, são: a velhice é doença; o velho não aprende; o idoso é responsável pelas dificuldades que o país atravessa, além de ser um peso para a sociedade.

A falta de dados estatísticos sobre a situação dos idosos no Brasil, segundo Amaral, foi um fator que dificultou a elaboração do texto-base da Campanha deste ano.

A proposta deste encontro, apoiado pela Ong Associação São José Operário da Vila Montoro, segundo seu presidente, Jamil Antônio dos Santos, "é criar um calendário permanente para debater as questões que envolvem as populações envelhecidas, criando uma agenda de interação dos trabalhos que estão sendo realizados para os idosos, no âmbito dos poderes Municipal, Estadual e Federal".

Jamil declara que o Estado tem hoje mais de 4 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Na Capital, mais de um milhão. Existem, no Estado, mais de três mil grupos de terceira idade, e, no país, cerca de vinte mil. Na cidade de São Paulo, cerca de dez mil associações de aposentados e grupos de idosos, contabilizou.

O encontro foi marcado por uma missa, celebrada pelo padre Antônio Soares, da Paróquia de Santa Cecília, localizada no centro da Capital, e animada pela apresentação do coral masculino composto por 50 freqüentadores do Arsenal da Esperança, casa de apoio à pessoa com dificuldades, desempregados e idosos, que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, localizada no Brás, coordenada por Alberto Rossi, que declarou receber ajuda governamental, "que não é suficiente", além da colaboração de 200 voluntários. Segundo Rossi, é grande o número de idosos abandonados por suas famílias e aposentados que não têm dinheiro suficiente para pagar aluguel, se vestir e se alimentar.

Homens com mais de 40 anos de idade, descartados pelo mercado de trabalho, são, segundo ele, grande parte dos freqüentadores da casa. A instituição é mantida por voluntários do Serviço Missionário de Jovens (Sermig), de Turim, e tem por objetivo dar condições dignas de vida às pessoas acolhidas. Ela tem parceria com escolas e universidades, o que proporciona oferecer cursos profissionalizantes, além de alimentação e pousada aos freqüentadores.

A secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Maria Helena Guimarães de Castro, em participação nesta segunda-feira, 10/3, no encontro promovido pelo Fórum Permanente de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa, lamentou o fato de que ainda não existem políticas públicas consistentes no país direcionadas ao idoso. Para ela, é necessário que haja integração e articulação de ações nas áreas de assistência social, saúde, educação, cultura lazer e esporte para promover um salto de qualidade no atendimento à terceira idade.

Até o momento, salientou a secretária, o poder público limita a intervenção relacionada ao idoso aos Centros de Convivência dos Idosos, mas "um espaço físico não é nada sem programas consistentes", afirmou. Para transformar este quadro, tem feito contatos com secretários das diversas áreas para iniciar debate sobre a questão.

Considera também muito importante que haja articulação com universidades públicas e privadas, no sentido de buscar formas de atendimento mais efetivas a esta população. "Estou fomentando a interlocução com as universidades como maneira privilegiada de encontrar novos meios de beneficiar a terceira idade", enfatizou.

A secretária lembrou de projeto do deputado João Caramez que institui a "creche do idoso" ou os "centros-dia para idosos", instituições que acolheriam os idosos cuja autonomia estivesse comprometida. "Precisamos de projetos criativos como este para resolver o problema da terceira idade, que tende a ser cada vez maior, uma vez que a população de idosos cresce muito no País", acrescentou.

É na prevenção, contudo, que as atenções devem se concentrar. Para a secretária, desde a infância deve-se pensar na velhice, para que a terceira idade seja vivida com mais dignidade.

alesp