Os 1.110 nus: arte ou ato obsceno?

OPINIÃO
17/06/2002 18:52

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A 25.ª Bienal de São Paulo foi encerrada em 2 de junho, tendo batido o recorde de visitantes: 650 mil pessoas estiveram naquela mostra de artes plásticas. Isso é muito positivo, principalmente pelo fato de ter sido propiciada a ida de grande número de alunos de escolas públicas à exposição do Ibirapuera. No entanto, essa Bienal também deixou um rastro de modernismo irresponsável. Em maio, mais de 1.100 pessoas - inclusive crianças -foram fotografadas e filmadas nuas e juntas, no Parque do Ibirapuera. Tudo isso em nome de uma discutível arte. As cenas de completa nudez de homens, mulheres e menores apareceram nas telas de TV e na primeira página dos principais jornais do Brasil.

Foi uma vergonhosa sessão de fotos comandada pelo fotógrafo americano Spencer Tunick, que contou com uma equipe para agendar a ida de 1.100 pessoas ao parque. Durante duas horas, os voluntários posaram pelados, num verdadeiro tapete humano. Houve até o caso de um marido que anunciou sua separação porque acreditava que flagrou a mulher, ali no meio dos nus. As fotos fizeram parte da Bienal.

O fotógrafo chegou a São Paulo beneficiado pela mania brasileira de valorizar de modo exagerado tudo aquilo que vem de fora: o artista de estilo duvidoso apresentou fotos semelhantes, feitas em outras cidades do mundo, entre as quais Melbourne, na Austrália.

Que tipo de arte é essa? Com que direito esse fotógrafo americano faz isso num parque público da maior cidade do Brasil? Onde aquelas pessoas estão com a cabeça ao se prestarem para esse tipo de idiotice, que nada tem de arte? Ato obsceno em público ainda é crime, de acordo com a legislação brasileira. Qual vai ser o próximo ato escandaloso?

alesp