Serra e as muralhas de Jerusalém

Opinião
24/05/2005 17:53

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Em um determinado momento das Cruzadas a queda de Jerusalém parece iminente devido à aproximação de um grande e poderoso exército dos cruzados por um lado e por hordas mongóis de outra. O comandante da cidade, então, sabendo que não poderá defender a cidade decide destruir todas as muralhas, tornando assim Jerusalém um alvo que não poderá ser defendido pelos ocupantes e se retira.

Foi como uma cidade medieval com as muralhas destruídas que o prefeito José Serra recebeu a cidade. Com a estrutura pública sucateada, dívidas superiores a R$ 8 bilhões, estrutura inchada e ineficiente, logo se descobriu que a São Paulo que aparecia nas muitas campanhas publicitárias era como uma fachada encobrindo ruínas.

Quem ocupasse Jerusalém e desejasse garantir condições adequadas de vida aos seus cidadãos não poderia deixar de efetuar, antes de qualquer coisa, a tarefa de reconstruir as muralhas. É justamente isto que está fazendo o prefeito, buscando a recuperação e o saneamento das finanças para permitir à prefeitura o controle do desperdício e a recuperação da capacidade de investimento.

Não é um trabalho que apareça, que possa ser apresentado em belas e caras campanhas publicitárias; tampouco é algo que possa ser distribuído de forma eleitoreira ou utilizado como uma vitrine ou fachada em campanhas eleitorais. Contudo é a única coisa que pode ser feita por quem realmente deseja o bem da cidade e honra a responsabilidade que foi confiada a si pela população.

E o prefeito tem desempenhado com muita competência e ações firmes esta tarefa, ainda que as pessoas mais acostumadas com a ilusão publicitária do que com a responsabilidade administrativa não sejam capazes de ver. A prefeitura já economizou, só com a renegociação e repactuação dos contratos com fornecedores, R$ 232 milhões, cerca de 17% do valor gasto anteriormente.

Nesta economia não se incluem ainda a renegociação dos bilionários e polêmicos contratos de coleta do lixo, que terá redução estimada em 20% representando economia igualmente valiosa liberando recursos para a aplicação nas tarefas essenciais da prefeitura, como a recuperação da saúde e da educação.

Enquanto o governo federal aumenta sem parar os gastos públicos aumentando cargos, Serra demonstra a responsabilidade fiscal e social do PSDB cortando 20% dos cargos em comissão, atitude corajosa que gerou a economia de R$ 37 milhões.

Outra medida que também reduziu os gastos públicos com uma ação simples e transparente foi a adoção do pregão para compra de produtos e serviços para a prefeitura, a qual deve resultar em uma redução de despesas em 20% na média.

Em outras palavras, Serra está se esforçando para reconstruir as muralhas, a defesa da cidade, garantindo as condições para que a cidade possa ter serviços públicos de qualidade e podendo investir em obras necessárias. Como sempre a marca do PSDB é não se preocupar com a próxima eleição, mas com a próxima geração.

A tarefa de estabelecer novos fundamentos e novas práticas não é fácil, exige o esforço e o sacrifício de todos, requer a construção de rotinas mais eficientes, construção de uma nova mentalidade. É mais fácil buscar a ilusão, as soluções improvisadas, as promessas vãs e a promoção de alguns poucos projetos-vitrine que canalizam a atenção e os escassos recursos em detrimento do caos geral, mas não será através destes métodos, que se conseguirá realmente melhorar a vida dos paulistanos e garantir que a prefeitura cumpra seu papel.

Serra optou pela difícil tarefa de recuperar a prefeitura e dar à ela bases sólidas para defender o cidadão. Opção de quem não se deixa atrair pelos atalhos do marketing, mas sim busca os resultados efetivos mesmo quando difíceis, árduos, até impopulares em alguns momentos, contudo são os únicos capazes de resolver de fato e em definitivo os problemas da cidade. Fazer o oposto seria repetir o método utilizado no passado de tentar construir uma casa começando pelo acabamento ao invés de construir as fundações.

*Ricardo Trípoli é líder da bancada do PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo.

alesp