A pintura ingênua de Odhila Renófio reflete a lembrança de uma realidade vivida com êxito feliz.

Emanuel von Lauenstein Massarani
12/07/2004 14:00

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A pintura de Odhila Renófio é delicada, desperta admiração, interesse e suscita emoção. Suas figuras, suas casas, seus caminhos, suas árvores e suas flores pintados com sensibilidade e agradável ritmo cromático constituem uma serena e doce homenagem ao belo da natureza observado pela artista, não somente na aparência exterior, mas estudada na íntima expressão espiritual e emotiva de cada tema.

Observando seus quadros encontramo-nos frente a uma manifestação de arte sincera, onde está detalhada a delicadeza de uma pintura sem influências de exterioridade. Sua obra é espontânea e ingênua, sua palheta é formada de cores luminosas repletas de harmonias.

A artista exprime nas pontuais versões do conto que descreve os milagres de sua pintura com um encanto e uma serenidade cromática que se transforma em sonhada e radiante. Os tecidos líricos são decisivamente expressionistas e indicam uma elaboração poética, com uma sensibilidade primaveril, de alegria popular, e uma comovida saudade de paraísos perdidos.

A pintura de Odhila Renófio é um cinzelar de representações cotidianas. Casas, caminhos, paisagens nos despertam velhos sentimentos de infância, de doçura e de bondade. A serena mensagem nos remete a um retorno ao amor e à natureza. Com uma intensidade contagiante, a artista compõe a obra da natureza e a do homem numa lírica visão rítmica do mundo. O modo de tratar o espaço, o seu sentido de prospectiva etérea e a alegre gama de cores que utiliza demonstram uma segura percepção do equilíbrio e da harmonia da paisagem.

A obra "Fazenda dos sonhos", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é algo mais do que uma atmosfera no espaço e no tempo: é o retrato idealizado de um vilarejo de sua infância. Suas obras são, pois, a projeção de uma determinada carga individual que atinge a essência de suas articulações paisagísticas, da lembrança de uma realidade vivida onde a memória encontra um feliz êxito na reconstrução dos valores tonais e cênicos.

A Artista

Odhila Renófio, pseudônimo artístico de Odila Renófio de Andrade, nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo, Estado de São Paulo, em 1930. Lá, iniciou, sob a orientação do Professor Acácio Gonçalves, um curso de pintura após ter freqüentado, em Buenos Ayres, cursos de desenho na Escuela Latino-Americano (1951/52). Mudou-se para a capital paulista em 1962, onde, desde então, mora e tem ateliê próprio.

Seguiu cursos de porcelana com Cecília Yoshida (1964), Adna Loy Cintra (1970/71), Graziela Rinaldis (1972/73) e Fred Toledano Scudero (1986); pintura sobre tela com Edith Pfister (1968), Graziela Rinaldis (1980/81), Pedro Alzaga (1984/86), Alfredo Rocco (1992) e Wei Zhi Ren (1995); análise de obra de arte com Antônio Santoro Jr. (1983); história da arte brasileira na Pinacoteca do Estado (1985); xilogravura com Yolanda Bessa e J. Barros (1987); aquarela com Galina Shithkov (1987/88), Coca Rodrigues e Neuza Petit (1989) e Wei Zhi Ren (1994); pintura chinesa com Wei Zhi Ren (1992/93).

Realizou as seguintes exposições individuais: Assembléia Legislativa, Clube Português e Departamento Cultural Ramback, SP (1985); UBEU e ACM, SP (1986); Clube Homs (1987); Palácio Anchieta, SP (1991); ACM (1992); Círculo Militar, SP (1993/95); Pintura Naif, Prodam, SP (2003).

Participou de inúmeras exposições coletivas e em Salões Oficiais, destacando-se entre elas: Salão Santos Dumont (1981/82); Salão Brigadeiro Eduardo Gomes (1982/83); Salão Leorástico (1982/83); Salão Pablo Picasso (1982/83); Salão Debret (1983); Salão do Carmo (1983); Assembléia Legislativa e Clube Paulistano (1988); Casa da Cultura, Santa Cruz do Rio Pardo (1991); Instituto Hans Staden (1995); Centro Cultural H. Santa Catarina (1999); Galeria Villas Bôas (2000/01); Teatro Municipal de Barueri; Espaço Cultural Estácio de Sá, Ourinhos; Palácio da Cultura, Santa Cruz do Rio Pardo; Casa da Cultura de Valinhos; World Nasse Gallery, New York, Estados Unidos (2001); Centro Cultural Vila Mariana; Galeria Neustadt, Alemanha; Centro Cultural da Marinha, SP; Mostra Intermunicipal e Internacional, Santa Cruz do Rio Pardo; Gallerie Artitude, Paris, França (2002); Espaço Cultural Sofitel, SP; Centro Cultural da Marinha, SP (2003).

Recebeu inúmeros prêmios nos diversos Salões dos quais participou e suas obras encontram-se em Acervos particulares e Oficiais no Brasil e no Exterior. Está catalogada no Catálogo Brasileiro das Artes Plásticas (1995), no Anuário de Artes Plásticas (1999) e no livro Artes Plásticas - Seus Mercados e Seus Leilões de Julio Louzada (1996).

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