Jeanloup Sieff, grande fotógrafo e pensador, afirma com muita propriedade que "A fotografia é o pesar que passa e a necessidade de se conservar alguns pedaços". Dentro dessa ordem de idéias, Marcos Mendes, excelente fotógrafo do jornal O Estado de São Paulo, tomou para si a tarefa de realizar uma série de fotografias que reuniu sob o título "Ensaio de Orquestra".

Inspirando-se no maravilhoso filme de Federico Fellini e tendo os músicos e os instrumentos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo como fonte de sua inspiração e de sua sensibilidade, o jovem fotógrafo paulista conseguiu impregnar sua obra de extrema finura.

Se analisar demais aniquila a emoção, Marcos Mendes prefere à fotografia didática aquela do sentimento, na qual o tema, por mais importante que seja, é menor do que o olhar que sobre ele pousa. Naturalmente não existem temáticas boas ou más, existe, sim, a qualidade do olhar que sobre elas se fixa.

A exemplo da maioria dos profissionais da fotografia, também existem para ele os trabalhos de encomenda e os de pesquisas pessoais, intimamente ligados a sua emoção interior, na qual uns influenciam os outros. Sendo a música a musa central do tema de sua inspiração, ainda maior é a satisfação formal e sentimental de reconstruir em espaço bem definido, o "modus" como a sente, a composição na qual a insere e o momento escolhido.

Poeta e músico da fotografia, Marcos Mendes se expressa como artista discreto e sensível, alimentado por um trabalho global de composição, onde rigor e emoção se unem constantemente para um "grande acorde final".

Por meio de uma cuidadosa pesquisa estrutural da linguagem fotográfica e de suas estratégias, este fotógrafo demonstra a grande margem criativa e individual que possui. "Ensaio de Orquestra" " do qual seis fotos fazem parte hoje do Acervo Artístico da Assembléia Legislativa " constitui uma pausa reflexiva, dotada de intensa concentração, mas sobretudo repleta de beleza plástica e de profunda musicalidade.



O Fotógrafo

Marcos Mendes nasceu em São Paulo no ano de 1964. Teve seus primeiros contatos com a fotografia através de seus irmãos mais velhos, Levi Mendes, fotógrafo da Placar e Toninho Mendes, criador da Editora Circo, e que trabalhou em diversas revistas e jornais. Assim, conviveu com fotógrafos como Hélio Campos Mello (atual editor da Revista Isto É)

No início dos anos 80, fez o curso de fotografia do Senac. Logo depois, começou a trabalhar como assistente do Estúdio Abril, junto a nomes como Bob Wolfensson, J. R. Duran, Pedro Rubens e Pedro Martinelli. Foi, também, assistente do fotógrafo Thomaz Sussemil.

No início dos anos 90, aceitou convite do então editor de fotografia do jornal O Estado de São Paulo e tornou-se o primeiro fotógrafo do caderno para jovens "Cola". Incorporado à equipe da Agência Estado, participou de coberturas jornalísticas em todas as áreas.

Teve fotos publicadas em jornais e revistas de vários países, como material sobre a Tribo Umerê, estampado nas páginas da revista Times. Ganhou prêmios, como o Governador do Estado, em 1992. Atualmente gerencia o estúdio fotográfico do jornal O Estado de São Paulo.