Reforma ou restauração?

Opinião
16/05/2008 18:16

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Nos debates que realizamos na Assembléia Legislativa, tivemos a sorte de reunir, em cinco oportunidades, as autoridades em tributação de todo o Estado. Um público reduzido, embora muito seleto, teve a chance de ver e discutir a Reforma Tributária e, ao mesmo tempo, testemunhar a gravidade da situação.

Se o governo federal conseguir impor a sua vontade e adotar a reforma de acordo com o que foi divulgado, o quadro, que já era grave, pode receber um novo adjetivo: aterrador. Mais que discutir o assunto, a série de debates teve um grande mérito, que foi o de movimentar as entidades e, de maneira indireta, a sociedade.

Depois dos debates, entidades como Fiesp, OAB, Sindicato dos Contabilistas, da Construção Civil, dos Economistas, entre outros, começam a se movimentar, de modo a sensibilizar os seus representantes no Congresso.

O termo "reforma", adotado para justificar as medidas, dá margens a idéias de restauração, reparo, retificação. No entanto, o quadro que está sendo pintado mostra que, mantidas as pretensões do governo, ele irá apenas aprimorar a máquina de arrecadação, sem nada a restituir aos Estados e municípios, ou seja, para a sociedade.

Um estudo da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo mostra que, mantida a proposta do governo, de início São Paulo perderá R$ 16 bilhões, e mais R$ 3 bilhões nos próximos três anos. Em momento algum a proposta traz indícios de redução na carga tributária. Ela aglutina impostos, dá margens à guerra fiscal entre os Estados e, ao mesmo tempo, põe uma cortina de fumaça sobre o grande problema que enfrentamos: o "custo Brasil".

A cada item proposto pelo governo federal, São Paulo tem uma contraproposta, não pelo simples fato de contrariar, mas com o objetivo único de aprimorar o que está sendo feito e impedir velhos erros e vícios tão comuns na máquina governamental.

O que precisamos não é de uma reforma, e sim da criação de mecanismos que agilizem a arrecadação e que propiciem justiça social, ou seja, de um novo método de se estipular tributos e destiná-los a quem, de fato, faz jus aos seus benefícios.

O estudo deverá ser entregue aos nossos congressistas para que, junto com representantes dos outros Estados, possam discutir o assunto. A esperança é que predomine o bem-comum, e jamais os interesses partidários, uma vez que precisamos de leis voltadas para a nação, nunca para os governantes de plantão. O Estado é maior e mais importante que qualquer governo. Basta que os nossos congressistas tenham consciência disso.



*Vitor Sapienza é deputado pelo PPS

alesp