Opinião O momento após a crise


13/04/2009 15:34

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Apesar de seus custos, as crises encerram excelentes oportunidades para reflexão. A crise resultante das dificuldades econômicas dos Estados Unidos está levando a humanidade a repensar em como reconstruir a economia de uma forma diferente da que conhecemos e que caracterizou o nosso desenvolvimento até aqui.

É um novo paradigma que caracteriza a atitude do atual presidente dos EUA, Barak Obama, de condicionar a ajuda à montadora General Motors a rever a sua produção de forma a produzir automóveis menos poluentes e mais econômicos.

Nosso país apresenta condições excelentes para aproveitar o momento e sair da crise em posição de vantagem: recursos naturais em abundância para o desenvolvimento de novas formas de energia e uma população diferenciada por um caldeirão multirracial de diferentes culturas.

Mas para aproveitar essas vantagens são necessárias transformações profundas, mudanças em nosso sistema educacional, com um melhor ensino público que dê oportunidades iguais a todos os cidadãos de compartilharem do saber, independente de sua origem social.

Antigamente, a população se orgulhava da qualidade do ensino público. Hoje não é mais assim, em parte porque abdicamos do direito de exigir do poder público uma escola de qualidade. O Estado por si só não é suficiente para dar conta dessa tarefa, sem a participação efetiva da sociedade.

Cada um de nós deve participar desse esforço, exigindo mais do poder público no que diz respeito à saúde e a educação, exercendo o seu direito de cidadania, mas também participando, como no caso da escola pública, pela melhoria do ensino.

O papel da sociedade organizada é muito importante. Setores do empresariado e outros segmentos da sociedade participam da tarefa de educar.

Recentemente estive em um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ocasião em que foi assinado um protocolo de cooperação da indústria com as universidades em torno de projetos de pesquisa na área de produção limpa, orientada para a preservação e economia de recursos.

É um exemplo do bom direcionamento da educação. Quer dizer, repensar o desenvolvimento através de um novo modelo de ensino que utilize a sinergia do sistema público e privado, somados a diferentes segmentos da sociedade, como os sindicatos de trabalhadores. Eles também participam desse esforço ao oferecer cursos de requalificação profissional e a interface com as empresas para encaminhar os trabalhadores para novos postos de trabalho.

No que se refere ao ensino superior, é preciso que empresas e poder público apóiem e financiem projetos de pesquisa aplicada ao mercado de trabalho, e que a própria empresa privada invista mais em pesquisa.

O Brasil deve aproveitar esse momento para se repensar e investir seus recursos com perspectivas de médio e longo prazo em uma nova direção. Não podemos perder essa oportunidade.



*Davi Zaia é deputado estadual pelo PPS e 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa

alesp