Deputada volta a acionar MP por morte de estivador no porto de Santos


19/05/2005 10:44

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A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) está acionando novamente o Ministério Público Federal para apurar mais uma morte ocorrida no Porto de Santos. Na última sexta-feira, 13/5, o estivador Armando Gonçalves dos Santos Souza (31 anos) caiu do alto de três contêineres, quando trabalhava a bordo do navio Santos Express. Na queda, ele teria batido a cabeça no costado do cais e desaparecido no mar. Seu corpo só foi encontrado pelos Bombeiros no início da tarde do dia 15.

No documento que encaminhará ao MP, a parlamentar também relatará outro acidente ocorrido na tarde da última sexta-feira no Terminal de Contêineres da Margem Direita (Tecondi), no cais do Saboó. A vítima foi o também estivador José Carlos da Silva (50 anos), que teve fraturas nos dois braços ao ser atingido pelo cambão (haste de metal usada no reboque ou suspensão de contêineres).

Conforme determinação da Delegacia Regional do Trabalho, o uso deste equipamento está proibido e as empresas que o utilizam podem responder processo e ser multadas. "É um absurdo que, mesmo proibido pelo Poder Público, este equipamento continue sendo utilizado, comprometendo a segurança. Isto precisa ser rigorosamente apurado", argumenta Maria Lúcia Prandi.

REUNIÃO

A sucessão de acidentes no maior porto do Hemisfério Sul também seria tema de uma reunião entre a deputada Prandi e o presidente da Codesp, José Carlos Mello Rego, que aconteceu no final da tarde do dia 16. "Lamentavelmente, mais um trabalhador perdeu a sua vida drasticamente. Outro sofreu fraturas nos dois braços. Algo precisa ser feito para por fim a esta rotina de tragédias", enfatiza a deputada Prandi.

A parlamentar demonstrou profunda indignação com o descaso em relação à vida humana. "Não houve sequer respeito aos companheiros de trabalho da vítima, que logo após o acidente foram obrigados a voltar a trabalhar, como se nada tivesse acontecido", frisa Maria Lúcia. Desde fevereiro, esta é terceira morte no porto de Santos. As vítimas anteriores foram o supervisor de carga e descarga Virgílio Pedro Rodrigues (fevereiro) e o trabalhador do bloco Hélio César Gregório (março).

"Como já havia alertado anteriormente, os seguidos acidentes apontam que é preciso mais rigor na fiscalização das condições de trabalho no convés e nos porões dessas embarcações", enfatiza a parlamentar. Para ela, a reunião da terça-feira, dia 17, do grupo de trabalho criado por iniciativa da sub-delegada regional do Trabalho, Rosângela Mendes Ribeiro Silva, é um passo importante para reverter o quadro.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp