Comissão especial debate uso de drogas entre os jovens

(com fotos)
27/06/2002 18:50

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DA REDAÇÃO

Em continuidade à programação da comissão especial de estudos sobre a juventude, iniciativa do deputado Turco Loco (PSDB), a Assembléia Legislativa promoveu nesta quarta-feira, 26/6, no auditório Franco Montoro, um debate sobre o tema Drogas legais, ilegais e o que mais? Estiveram presentes para compor a mesa, além do deputado Turco Loco (PSDB), o escritor Austregésilo Carrano, autor do livro Canto dos Malditos, o delegado Gilberto Carlos Fernandes, do Denarc, o músico e apresentador de TV Thunderbird e o deputado Edson Ferrarini (PTB).

"É muito importante termos clareza do que é droga legal, do que é droga ilegal e, principalmente, o motivo que leva o jovem a usar drogas", disse Turco Loco. Segundo o deputado, algumas pesquisas demonstram que 36% dos jovens usam drogas devido a distúrbios familiares e 12% por causa dos amigos. "Eu nunca usei drogas porém vivi este drama de perto com meus irmãos. Um, conseguimos recuperar, o outro infelizmente suicidou-se", disse ele. Turco Loco também ressaltou a importância de se buscar saídas no âmbito do poder público.

Austregésilo Carrano sofreu muitos anos pelo fato de ser usuário de drogas. Baseando-se no drama vivido por ele, o filme Bicho de Sete Cabeças foi produzido e exibido recentemente nos cinemas. De acordo com Carrano, "temos que debater os vários tipos de drogas existentes, uma a uma, sem generalizá-las". Para ele, "as principais drogas são a cachaça, que é vendida licitamente, e os inibidores de apetite, que podem ser adquiridos com receita médica.

Dos 17 aos 21 anos, o escritor passou por várias instituições psiquiátricas, onde foi obrigado a ingerir de 20 a 25 comprimidos por dia e era submetido a eletroconvulsoterapia. Carrano considera estes tratamentos potencialmente prejudiciais à saúde mental e física, por essa razão, está engajado na Luta Antimanicomial. "Fiquei absurdamente drogado dentro destas instituições, ao ponto de não conseguir desabotoar nem a minha própria camisa", relatou.

O delegado do Denarc disse que quando o Estado utiliza uma norma coercitiva por causa das drogas está visando proteger o coletivo e não o individual. Gilberto Carlos Fernandes salientou, ainda, que existe no cérebro uma região, chamada sinapse, onde os neurônios se concentram. Sob o efeito de drogas, há alteração da velocidade dos neurônios e a freqüência se torna cada vez mais debilitada. "Quando se cria o hábito do uso de drogas, o organismo vai perdendo a resistência e a memória", declarou o delegado.

O apresentador Thunderbird, que já foi usuário de drogas, contou que freqüenta reuniões nos narcóticos anônimos para buscar forças. "Priorizei as drogas em minha vida por muitos anos, até me conscientizar de que era dependente químico e precisava de ajuda", disse ele.

alesp