Deputada teme perdas ambientes com terminal de contêineres em Guarujá


10/07/2007 10:16

Compartilhar:


A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) teme que a concretização do projeto de implantação de um terminal de contêineres no Complexo Industrial Naval de Guarujá (CING) "traga profundos danos ambientes e grande perda de qualidade de vida para a população dos bairros próximos". A manifestação foi feita após a divulgação de que o projeto do novo terminal prevê uma movimentação anual de cerca de um milhão de contêineres de 20 pés.

Na defesa dos interesses da população, a parlamentar vai atuar em várias frentes. Uma delas é promover uma discussão na Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa. A outra é agendar uma reunião com o secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano. O órgão já analisa o projeto.

Maria Lúcia deve, ainda, discutir a questão com a promotora de Meio Ambiente de Guarujá, Juliana de Sousa Andrade, que já se posicionou contra o empreendimento, além de lutar por uma grande audiência pública.

"Há 10 anos, um projeto semelhante foi rechaçado após ampla reação popular (Movimento Rua do Adubo 2 Não) e a constatação de profundos danos ambientais. Há, inclusive, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado junto ao Ministério Público de Meio Ambiente que veta qualquer iniciativa do gênero. Por tudo isso, um empreendimento com tal impacto não pode ser discutido apenas dentro de gabinetes. É fundamental um amplo debate com a sociedade, que não pode ficar passiva diante dos males que se avizinham", enfatiza Prandi.

Para a parlamentar, mesmo a proposta de construção de uma nova avenida para a circulação das carretas não impedirá profundos danos à população dos bairros próximos ao empreendimento e que serão cortados pela via. "Com a projeção de movimentação de 1 milhão de cofres anuais, a média deverá ser de dois contêineres movimentados por minuto. O fluxo de caminhões será intenso e, certamente, não ficará restrito à avenida segregada", argumenta a deputada Prandi.

Para reforçar esta opinião, Maria Lúcia cita o caso da "Rua do Adubo", em Vicente de Carvalho, onde o tráfego pesado de carretas trouxe sérios problemas para todo o entorno. "Várias ruas foram destruídas, as residências ficaram com problemas estruturais gravíssimos e as pessoas sofreram perdas irreparáveis em seu patrimônio. Imagine o que vai acontecer em bairros como Tombo, Astúrias, Jardim Las Palmas, Santa Rosa 3 e Helena Maria. Os prédios, as casas e vias públicas não estão preparados para isso".

Conforme projeta a parlamentar, com a eventual liberação do empreendimento, no futuro, os pátios para armazenamento de contêineres poderão chegar, até mesmo, às margens da avenida dos Caiçaras. "Ali é uma área turística, com milhares de residências fixas e de veraneio. Os impactos negativos do terminal vão causar profunda desvalorização imobiliária, e os dividendos gerados com a movimentação portuária certamente não compensarão. Ao invés de contêineres, por que não se pensar num terminal para transatlânticos?", questiona.

A deputada lembra que, pouco tempo após o arquivamento do antigo projeto do terminal de contêineres, surgiu a proposta de um espaço para navios de passageiros, que caiu no esquecimento. "Esta alternativa tem muito mais coerência com a vocação turística daquela área e iria ao encontro da necessidade de aumentar a capacidade do complexo portuário de suprimento da crescente demanda de transatlânticos. Em pouco tempo, teremos escalas de navios de passageiros durante o ano inteiro", finaliza Maria Lúcia.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp