A prova dos nove

OPINIÃO - Luiz Gonzaga Vieira*
08/10/2003 15:32

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Alumínio, Botucatu, Cerquilho, Salto, Sorocaba, Tietê, Votorantim, Araçariguama, Boituva, Ibiúna, Itu, Mairinque, São Roque, Águas de Santa Bárbara, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Cerqueira César, Conchas, Fartura, Itaóca, Jumirim, Laranjal Paulista, Manduri, Pereiras, Piraju, Areiópolis, Avaré, Barão de Antonina, Barra do Chapéu, Bofete, Capela do Alto, Cesário Lange, Coronel Macedo, Iperó, Itapirapuã Paulista, Itatinga, Pardinho, Pilar do Sul, Porto Feliz, Quadra, Ribeira, Salto de Pirapora, São Manuel, Taguaí, Tapiraí e Taquarituba, depois Tatuí. Às vezes, somente a contundência serve para evidenciar alguns fatos. As 46 cidades assinaladas - e são muitas, eu concordo - são o retrato claro de que Tatuí não vai bem. A cidade ocupa a posição de número 47, na região de Sorocaba, no que se refere ao IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social) divulgado pelo Seade e Pela Assembléia Legislativa, na última semana.

A posição é desanimadora. Mais triste seria comparar Tatuí com os 645 municípios do Estado de São Paulo. Ocuparíamos, provavelmente, a posição de número 515, brigando com outras cidades no rebolo dos que têm índice 4 - o melhor dos piores, num ranking que acaba em 5.

Ainda no quadro comparativo, estamos bem longe de nossos vizinhos. Cerquilho tem índice, 1, e ocupa a terceira posição na região administrativa, Boituva tem índice 2 e a nona posição, Itaóca, vejam só, tem índice 3 e a 20ª posição na lista e, por fim, Votorantim, que tem número de habitantes equivalente ao de Tatuí, tem índice 1 e é a sétima colocada.

A aferição identifica outros dados preocupantes. Tatuí está no nível 47, no que se refere ao índice de pobreza - sequer chegamos à nota de corte, tão temida pelos vestibulandos, no caso tabulada na taxa dos 49. A longevidade do tatuiano também é baixa e fica em 63. No aspecto escolaridade, Tatuí atingiu estatura mediana ficando no marco 79, o primeiro na escala dos municípios de patamar médio, que varia entre os próprios 79 e 85.

E a região, como um todo, melhorou. No aspecto riqueza, a região de Sorocaba ficou no mesmo parâmetro com índice próximo a 50. Em longevidade, acusa-se o crescimento de quase 10 pontos, e enfatizando a escolaridade o salto foi de 20 pontos.

No quesito riqueza, Tatuí sofreu acentuada queda no rendimento médio do emprego formal, com declínio de R$ 32. O valor da arrecadação fiscal também caiu de R$ 3.105 para R$ 2.925.

No item longevidade a cidade melhorou pouco, é verdade. Apesar da queda das taxas de mortalidade infantil, que variou de 19,5 para 18,1, e de mortalidade perinatal, de 20,6 para 19,1, Tatuí permanece abaixo da média estadual. No quesito educação, a queda no ranking foi mais drástica: Tatuí caiu da posição 304 para a de número 402, entre os 645 municípios do Estado. Em contrapartida, a região, que compreende 79 municípios, juntamente com a de Campinas, foi a que mais cresceu, em termos populacionais, nos últimos 10 anos.

A última prévia do mesmo índice revela: pioramos a cada ano. Os números são incontestáveis e podemos senti-los de maneira mais palpável andando pelas ruas da cidade ou sendo atendidos pelas precárias unidades de saúde. Comprovação do que já era sabido. Prova dos nove das nossas dificuldades. É hora de repensar o futuro. Caímos pelas tabelas. Despencamos em qualidade de vida. Nos esborrachamos na inoperância e no desrespeito à coisa pública. Tatuí vai muito mal. Mas, a crítica pela crítica torna-se desnecessária. Passado é passado. É hora de projetar o futuro. Eu, você, todos nós tatuianos, temos um objetivo claro: a reconstrução do município, a valorização do ser humano. Os números são frios, as pessoas de carne e osso. Nossa população tem sonhos e aspirações. Eu também tenho um sonho: ver Tatuí melhor, progressista, bonita, limpa; receptiva aos turistas que buscarem belas harmonias e o pacifismo do interior. E, se a ordem dos fatores não altera o produto, os números são incontestáveis. Pura matemática, que nos obriga a arregaçarmos as mangas e construirmos uma nova, igualitária e moderna cidade. Ufanismos e utopias à parte, é hora de recomeçar.

* Luiz Gonzaga Vieira (PSDB) é deputado estadual e cumpre seu segundo mandato junto a Assembléia Legislativa de São Paulo onde é presidente da Comissão de Finanças e Orçamento.

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