Educação e drogas: mistura que não combina


29/09/2011 13:21

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Neste mês, o principal campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC), no bairro de Perdizes, em São Paulo, foi notícia nos maiores meios de comunicação do Brasil. O reitor da instituição, doutor Dirceu de Mello, adotou uma atitude extrema: ciente de que os alunos haviam marcado uma festa de apologia ao uso da maconha, batizada de "1º Festival da Cultura Canábica", fechou o campus, suspendendo as aulas.

Não posso dizer que as drogas chegam a ser um tabu, creio que o assunto vem sendo tão difundido que a maioria já está bem familiarizada com a questão, mas qualquer evento de apologia às drogas costuma dividir opiniões. No caso da PUC, alunos e docentes ficaram divididos com a postura do reitor. Mas sendo bem realista, quem gostaria que uma festa que incentiva o uso de uma droga ilícita e que provavelmente terá bebida de maneira livre aconteça ao lado de sua casa?

O uso de drogas em ambiente universitário não é nenhuma novidade, em 2003, Içami Tiba foi processado pela PUC por causa do assunto. O médico-psiquiatra, escritor com 14 livros publicados sobre adolescência, sexualidade e educação, ao responder à pergunta de um repórter sobre o que levaria uma jovem rica, bonita, que estudava na PUC, a matar os pais " em referência ao caso Suzane Richthofen-, disse: "a PUC tem uma ideologia de favorecer o uso da maconha. Os alunos que vão lá já sabem disso, não é?".

Creio que a recente decisão da universidade deve ter surpreendido o especialista, mas demonstra também que muitos não aguentam mais esse tipo de evento "dentro de casa". Nas universidades é muito comum o uso das drogas ou sua defesa. A decisão do reitor não mostra nenhum conservadorismo como disseram alguns alunos, na verdade, é a postura de alguém que prefere proibir a ter maiores problemas.

O reitor explicou que a decisão foi tomada por causa das incontáveis reclamações de vizinhos da universidade, professores, funcionários, alunos e pais de alunos. Em documento oficial, ele disse que considerou a necessidade de atender as disposições legais do Estado de São Paulo, que na Lei 13.545, de 2009, proíbe a compra, venda, fornecimento e consumo de bebidas alcoólicas em qualquer um dos estabelecimentos de ensino mantidos pela administração estadual e também do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, definido pela Lei federal 11.343, de 2006, que prescreve, entre outras coisas, medidas para a prevenção do uso indevido de drogas, estabelecendo, inclusive, repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas.

Na programação do festival, havia cinco bandas defensoras da causa, DJs, um desfile para eleger a "Miss 4:20" (4:20 é uma espécie de horário mundial para acender um "baseado"), além de um concurso para premiar o melhor "lariqueiro" " no vocabulário dos usuários é uma espécie de chef que prepara pratos para saciar a fome resultante do consumo de maconha. Organizado e divulgado por meio da internet, o evento impediria qualquer aula naquele dia. Após a proibição, alguns estudantes improvisaram uma manifestação em frente à universidade, mas o protesto acabou se tornando uma festa com direito a reggae e cerveja.

Respeito e parabenizo a decisão do senhor reitor, creio que poucos teriam a coragem de ir contra os defensores desse tipo de evento. Mello não agradou a todos, mas creio que muitos pais, alunos e vizinhos louvaram seu ato. Hoje, no Brasil, a maconha é vista e defendida por intelectuais e artistas como uma droga fraca e que deveria ser liberada. Mas, na verdade, a maconha não é uma droga como qualquer que causa a dependência e pode, sim, ser a porta de entrada para outras mais fortes.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido.

alesp