São Paulo 450 anos - OS FUNDADORES


04/02/2004 16:00

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Antônio Sérgio Ribeiro

Desde a vinda de Pedro Álvares Cabral, a Coroa Portuguesa se preocupou em colonizar o Brasil, mas somente 30 anos depois teve início efetivamente a conquista territorial, com a implantação das capitanias hereditárias. A partir de 1549, quando é determinada a vinda de um governador geral, diretamente subordinado ao rei de Portugal, finalmente o Brasil começa a ser povoado de modo mais sistemático. E assim vieram os primeiros jesuítas, chefiados pelo Padre Manoel de Nóbrega, como missionários para catequizar os indígenas e trazer a palavra da Igreja para os portugueses residentes na colônia. Em homenagem aos 450 anos de fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, que marcou o início da grande metrópole de São Paulo, apresentamos a biografia dos participantes desse fato histórico.



João de Sousa

Nascido em Portugal, faleceu em fins de 1554, na região de Cananéia - então Capitania de São Vicente.

Irmão jesuíta e coadjutor. Servindo a carreira das armas - soldado - embarcou para o Brasil, onde serviu na casa do governador-geral Tomé de Sousa em Salvador, na Bahia. Foi um dos primeiros povoadores de São Vicente. Antes de ingressar na vida religiosa já era considerado uma pessoa santa, conforme testemunho do Padre José de Anchieta, jejuava todas as semanas, a quarta-feira, a sexta e o sábado, e não consentia diante de si que se fizesse ofensa a Deus Nosso Senhor (Cartas, Informações, Fragmentos históricos e sermões, Rio de Janeiro 1933, p. 83) Entrou como noviço na Companhia de Jesus, em 1550, e na casa religiosa foi exemplo de penitencia, humildade, simplicidade e caridade. Participou da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga em 25-1-1554. Por ordem do Padre Manoel de Nóbrega, em março de 1554, e em companhia dos irmãos Pero Correia e Fabiano de Lucena, foram incumbidos de iniciar a catequese dos índios ibirajaras, estabelecer a paz entre os tupis e os carijós e assegurar a livre passagem para o rio da Prata a alguns castelhanos que o Padre Leonardo Nunes, anos antes, encontrara no Porto dos Patos e trouxera para São Vicente. Foram bem recebidos em Cananéia, porto principal dos tupis, com os quais ficou Fabiano de Lucena. A 6 de outubro, juntamente com Pero Correia, seguiram para as terras dos carijós, pelas quais se internaram muitos dias, passando muitos trabalhos, as mais das vezes fome, não tendo que comer e estando enfermo João de Sousa. Pelo mês de novembro apareceram nessas terras dois intérpretes, um português e um espanhol. Este era já conhecido dos jesuítas, que o haviam libertado de morte certa quando estava prisioneiro dos índios, mas que contra os seus benfeitores alimentava sentimentos de vingança por não terem, os jesuítas, dado uma sua concubina índia, como afirmou Anchieta depois. A felonia deste aventureiro foi à causa da morte dos dois missionários, cuja missão contrariava fazendo crer aos carijós, que o nosso irmão Pero Correia abria a estrada pela qual haviam de vir os inimigos para mata-los. No Natal, ao que parece ter sido a data marcada por Nóbrega para deixarem a terra dos carijós e procurarem a dos ibirajaras, os dois irmãos acompanhados de dez ou doze principais carijós até os limites da região que ocupavam, apareceu uma canoa dos mesmos carijós, que mataram dois dos índios que vinham com os missionários e investiram a seguir contra João de Sousa, o qual caindo de joelhos foi morto a flechadas. Tentou ainda Pero Correia conversar com os agressores; vendo porem a inutilidade das suas palavras, as quais respondiam setas, ajoelhou-se encomendando sua alma a Deus e assim acabaram de mata-lo. Juntamente com Pero Correia é considerado o proto-martire da Companhia de Jesus no Brasil.

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