Conferência Regional de Ciência, Tecnologia e Inovação começa nesta quinta na Assembléia

Desenvolvimento econômico e social é tema de destaque da Conferência (com fotos)
15/08/2001 19:16

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Planejamento estratégico de ciência e tecnologia, segundo o deputado Sidney Beraldo (PSDB), é a bandeira da Conferência Regional de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, que acontece quinta e sexta-feira, 16 e 17/8, na Assembléia Legislativa.

Presidente da Frente Parlamentar de Apoio à Micro e Pequena Empresa e membro do Comitê Organizador da Conferência, Beraldo enfatizou a necessidade de "desatar o nó que emperra o desenvolvimento do país, como a distância entre os que produzem conhecimento, os pesquisadores, as universidades, e aqueles que dele necessitam, as empresas e os industriais".

Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira, 15/8, ao lado de representantes de várias entidades que participam do evento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (Anpei) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Beraldo acentuou a importância de transformar ciência e tecnologia em desenvolvimento econômico e social.

Para dar uma idéia de quanto pode ser decisiva uma política estratégica de desenvolvimento científico e tecnológico, o representante da Fiesp, José Augusto Correa, citou o exemplo da Coréia, cuja prosperidade deve muito ao entrosamento entre universidade, empresa e Estado. "Os recursos para pesquisa devem nascer de uma reforma tributária moderna, justa e eficiente, capaz de liberar uma boa margem de capital para que as empresas possam investir em ciência e tecnologia", disse Correa.

O superintendente do Sebrae, Fernando Leça, apontou alguns descompassos de nosso modelo econômico. "Embora responsáveis por grande parte dos empregos diretos no Brasil, as micro e pequenas empresas detêm participação irrisória na pauta de exportações", declarou Leça e completou: "Mostrar a necessidade da pesquisa para o desenvolvimento dessas empresas seria um meio de torná-las competitivas, equiparando sua importância econômica a sua importância social, como amortecedoras de crises, pois nelas é mais familiar a relação entre capital e trabalho". Em favor de seu argumento, citou o exemplo da Itália, onde as micro e pequenas empresas arcam com 70% da pauta de exportações.

"Basta pensar nos dois itens mais importantes da pauta de exportações nacional para dimensionarmos o papel da pesquisa tecnológica", garantiu o presidente da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz. Ele se referiu aos aviões a jato da Embraer, cuja tecnologia é de causar inveja internacional, e à soja, que, acreditava-se, só era possível cultivar em clima temperado. "Com as pesquisas nacionais, hoje se pode plantar soja até no Maranhão."

Pela primeira vez se tenta formular, com esta conferência, uma política estratégica de ciência e tecnologia, segundo o entendimento de Miguel Chaddad, diretor da Anpei. "Planejamento estratégico é articular todos os elos da corrente econômica e social, para que o conhecimento produzido seja transferido para a cadeia produtiva e daí retorne à sociedade, na forma de bens mais modernos, instaurando um percurso em que todos saem ganhando."

O deputado Lobbe Neto (PMDB), membro da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, lembrou que o Estado de São Paulo, com São José dos Campos e São Carlos, suas universidades e suas empresas, representa um pólo de integração entre conhecimento e desenvolvimento econômico. "A questão então seria ampliar ainda mais esse modelo vitorioso."

Programação. Compõem a mesa de abertura da Conferência Regional de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo, prevista para as 9 horas desta quinta-feira, 16/8, no auditório Franco Montoro, o presidente da Assembléia Legislativa, Walter Feldman; o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Ruy Altenfelder; a deputada Célia Leão (PSDB), presidente da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia da Alesp, e o deputado Sidney Beraldo (PSDB), presidente da Frente Parlamentar de Apoio a Micro e Pequena Empresa e organizador do evento, além de membros ilustres da área científica e empresarial, como o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, e o presidente da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz.

O primeiro tema, "Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Econômico", se divide em duas mesas. Roberto Müller, da Gazeta Mercantil, coordena a primeira, de "Inovação tecnológica, P&D e seus impactos", com exposição do presidente da Fapesp, Brito Cruz, e do vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Carlos Vogt. Às 11h15, a segunda mesa, "O apoio à inovação tecnológica", tem coordenação de Luís Nassif e exposições do diretor científico da Fapesp, José Fernando Perez, do deputado Sidney Beraldo, do superintendente do Sebrae, Fernando Leça, e de Mauro Marcondes Rodrigues, da Finep.

O segundo tema, "Ciência, Tecnologia, Inovação e Qualidade de Vida", será aberto às 14h, por Marcos Macari, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que coordena a mesa "C&T para a sociedade - I", com exposições acerca das relações da ciência e tecnologia com a saúde e a violência. Às 16h, Hernan Chaimovich, da USP, coordena a segunda mesa, "C&T para a sociedade - II", em que estudiosos tratam de agropecuária, meio ambiente e planejamento, e transferência de conhecimento.

Encerrado o primeiro dia de seminários, terá prosseguimento na sexta-feira, 17/8, o ciclo de debates da Conferência, envolvendo os três temas restantes. Às 9 horas, a deputada Célia Leão coordena, dentro do tema "No caminho do futuro", a mesa "As bases do desenvolvimento científico e tecnológico", com apresentações do reitor da Unicamp, Hermano Tavares e do presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Walter Colli; e uma reflexão sobre tecnologia e competitividade, a cargo de José Ripper Filho. Às 11h, com coordenação do presidente da Anpei, Celso Barbosa, o segundo tema, "Desafios estratégicos", apresenta a mesa "O conhecimento estratégico para o desenvolvimento paulista", com exposições que vão do programa espacial à biologia molecular, passando pela biodiversidade.

Para o terceiro tema, às 14h, "Desafios institucionais", a mesa "Uma nova estrutura para novos desafios", coordenada por Ivan Chambouleyron, da Unicamp, reúne reflexões em torno de novos modelos institucionais e nova legislação para enfrentar o desafio de transformar ciência e tecnologia em desenvolvimento econômico e social. Às 15h30, com a plenária de encerramento, procede-se o balanço da Conferência Regional, a primeira de uma série de seis, previstas para outras capitais brasileiras: Belém, Florianópolis, Goiânia, Maceió e Rio de Janeiro.

alesp