É A SUA SINA, GOVERNADOR - OPINIÃO

Antonio Duarte Nogueira Júnior*
22/11/2000 15:41

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Só Deus sabe os critérios que Ele usa para definir nossa sina. Desde que nascemos é assim: podemos escolher certas coisas, enquanto outros caminhos vão surgindo pela frente sem que nos seja dada a oportunidade de opinar sobre eles. Eles apenas surgem e a gente vai trilhando como Deus quer. Mas é bem verdade que os desafios são da extensão da nossa coragem e da capacidade de resolvê-los. Nem maior nem menor. É do mesmo tamanho.

Digo isso ao acompanhar um pouco a trajetória e agora a luta do governador Mário Covas contra sua doença. Homem público de raras qualidades, quando nasceu Deus deve ter dado a ele a sina de enfrentar grandes batalhas. E assim se fez.

Espanhol que não leva desaforos para casa, é sempre o mesmo. Seja candidato, seja governador, é capaz de interromper uma entrevista ou uma solenidade para responder a provocações. Lembro-me quando fazia uma visita ao interior de São Paulo para entregar obras e deu de topa com um cidadão que o cobrava por mais investimentos. A resposta veio à queima roupa. "O senhor pensa que eu pago as obras com dinheiro meu? É dinheiro que sai do seu bolso e posso gastar mais, se o senhor se dispuser a pagar mais." Ninguém mais cobrou nada.

E foi sempre assim, objetivo e em baixo tom, que ele escolheu ser um grande guerreiro. Lutador contra o regime militar e um dos que mais trabalharam para que pudéssemos viver hoje com os direitos e liberdades da democracia, Covas é também um fiel procurador do cidadão paulista. Colocou as contas do Estado em ordem, mesmo tendo encontrado São Paulo com uma dívida crônica de R$ 45 bilhões, quase o Orçamento paulista para o ano que vem e mais do que o dobro do que o de 1995, quando assumiu o governo.

Renegociou contratos, paralisou obras, congelou investimentos e foi controlando o déficit. Desde 1998, o Estado paulista vem fechando o ano no azul e ampliando os investimentos em setores fundamentais. Anunciou R$ 600 milhões de recursos extra-orçamentários para a educação, ampliou em R$ 700 milhões a previsão de receita para aplicação na segurança pública no ano que vem, outros R$ 800 milhões a mais na saúde. Tudo isso sem aumentar uma alíquota de imposto.

E outras grandes batalhas vão surgindo pelo caminho. É o destino, não dá para lutar contra. Passou pela primeira fase da doença, depois de ter sido reeleito governador de São Paulo. Tomou posse, foi se recuperando e colocando o Estado em dia. Quem não se lembra da greve dos professores, do ovo que lhe jogaram na camisa e na paulada que lhe deram na cabeça? São cenas de batalhas.

Temos a certeza de que o novo desafio que agora surge será mais um deles, apenas, como estamos certos de que será mais uma etapa vencida. O governador ficará fora alguns dias e todos, com certeza, estamos torcendo por ele. Há outras batalhas pela frente e ele, que cumpre sua sina bravamente, não vai demorar para voltar à luta.



*Antonio Duarte Nogueira Júnior é engenheiro agrônomo, deputado estadual, vice-líder do governo na Assembléia Legislativa, vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (1995/96).

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