Seqüestros ainda exigem ação

OPINIÃO - Afanasio Jazadji*
09/05/2003 17:05

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Nos últimos dias, a mídia divulgou um fato bastante positivo para a guerra do Estado de São Paulo contra a violência e a criminalidade: o seqüestro, um dos crimes que vem preocupando as autoridades e a sociedade nos últimos anos, diminuiu 73% em nosso Estado, nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Na capital, houve queda de 60%. Nos municípios que compõem a Grande São Paulo, a redução chegou a 81% no mesmo período. Casos violentos, como homicídio, furto e roubo de veículos e latrocínio também diminuíram. Os crimes contra o patrimônio, como furtos e roubos, acabaram aumentando, segundo o balanço apresentado no início de maio pela Secretaria da Segurança Pública do Estado.

O secretário Saulo Castro Abreu Filho explicou que o governo Geraldo Alckmin está "trabalhando para fazer com que a população tenha cada vez mais segurança" e lembrou que o seqüestro tem sido uma modalidade de crime contra a qual existem novas formas de combate. Houve vários casos de seqüestro que foram marcantes, pela violência apresentada. Alguns terminaram em morte, outros tiveram final feliz, porém após sofrimento dos seqüestrados, como ocorreu no caso dramático do publicitário Washington Olivetto, de 2001 para 2002.

O sucesso no combate ao seqüestro, segundo o secretário Saulo, deve-se à eficiência dos policiais da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), e esquemas de repressão e à colaboração da população,que está perdendo o medo dos criminosos e vem denunciando cada vez mais, permitindo a prisão das quadrilhas. Ninguém pode negar que o atual governador está conseguindo evolução no campo da segurança pública, mas muito ainda precisa ser feito.

Na Grande São Paulo, de janeiro a março do ano passado, ocorreram 25 seqüestros. No mesmo período deste ano, foram apenas 5. Sem dúvida, a prisão de várias quadrilhas contribuiu para isso. O importante é mostrar para a opinião pública que o crime não compensa. Muitas quadrilhas surgiram, ultimamente, com base na idéia de que os seqüestradores poderiam perfeitamente manter uma pessoa num cubículo por semanas e semanas, e exigir resgate robusto.

Certamente a libertação precipitada dos dez seqüestradores do empresário Abílio Diniz contribuiu para essa idéia. De repente, o crime de seqësutro, que era restrito às grandes cidades, tomou conta de certas áreas do Interior, como Campinas, Ribeirão Preto e São José dos Campos. Em boa hora, o governo reagiu, mas seu sucesso será maior se a polícia não descuidar da prevenção e da repressão.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado, os homicídios diminuíram na Capital 10%, os furtos de veículos, 6% e os roubos de veículos, 13%. O tráfico de drogas apresentou um aumento de 51%; os roubos nas ruas, lojas, nos estabelecimentos comerciais e nas empresas aumentaram 5% e os furtos, 12%.

Sobre os crimes contra o patrimônio, o secretário explicou que um dos motivos para o aumento é a falta de lazer dos jovens e a faixa etária dos ladrões. A maioria dos assaltos e furtos vem sendo praticada por jovens na faixa entre 18 e 25 anos, que vão em busca de dinheiro para consumo de tóxicos. Sem dúvida: a tarefa de melhorar a atual situação tem algo a ver com a família, com a comunidade, com a mídia. Mas a polícia tem de cumprir seu papel.

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

alesp