A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) acionou mais uma vez o Ministério Público (MP) de Cubatão solicitando abertura de investigação sobre as causas do acidente ocorrido na manhã desta quarta-feira, 5/7, na Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). No acidente o trabalhador Benedito da Veiga, de 33 anos, 11 deles dedicados à siderúrgica, sofreu traumatismo craniano ao ter a cabeça esmagada por uma máquina de solda, no Setor de Decapagem da Unidade de Laminação a Frio. O acidente aconteceu menos de 24 horas depois da empresa ter divulgado relatório sobre a explosão que, em maio desse ano, matou dois trabalhadores e feriu outros sete, no qual responsabiliza os funcionários pela ocorrência. "Infelizmente, mais uma vida está em cheque. Será que novamente o trabalhador será apontado como culpado? É preciso que haja uma apuração rigorosa do que está ocasionando tantos acidentes fatais na Cosipa", afirma a deputada Prandi que, no ano passado, protocolou três representações ao Ministério Público em função de quatro mortes de trabalhadores da siderúrgica. Na explosão de maio, a parlamentar também acionou a promotoria. Em pelo menos dois casos, a solicitação foi acatada e o processo investigatório encontra-se em tramitação. "Esta participação do MP é imprescindível para a apuração isenta dos fatos", destaca Maria Lúcia.A deputada observa que o índice de acidentes cresceu muito após a privatização da Cosipa, vitimando tanto cosipanos quanto trabalhadores de empreiteiras. "Numa siderúrgica, o processo produtivo é sempre perigoso e nocivo à saúde, situação que se agrava com equipamentos obsoletos, manutenção inadequada, pressão de chefias, dobras de turno e outras irregularidades que, infelizmente, são comuns na Cosipa", enfatiza Prandi, reivindicando que o trabalhador seja valorizado e respeitado, e não tratado como peça descartável.Quatro mortes. No ano passado morreram quatro trabalhadores que atuavam na área da Cosipa. Em janeiro, em menos de dez dias, foram duas mortes. A primeira aconteceu no dia 20, vitimando Carlos Alberto Siqueira de Jesus, de 23 anos. Funcionário da empreiteira Arcoenge Ltda, ele teve uma parada cardio-respiratória após sofrer uma descarga elétrica de alta tensão, quando operava um equipamento de ar comprimido. A segunda morte ocorreu no dia 30. O metalúrgico Felisono Benedito Menezes, funcionário da Cosipa há 21 anos, foi soterrado ao cair numa calha de carvão, quando fazia a limpeza de uma linha de correias transportadoras na área da Coqueria.A terceira morte aconteceu em maio. Funcionário de uma empreiteira, Aparecido Pereira, de 55 anos, teve morte instantânea após sofrer queda de uma altura de aproximadamente 30 metros. O quarto caso ocorreu em novembro, quando faleceu o metalúrgico Antônio Carlos de Oliveira. Cinco meses antes, ele havia inalado grande quantidade de benzeno e tolueno durante um vazamento de gases no alto forno. Antônio Carlos acabou falecendo em conseqüência dos efeitos nocivos dos gases. Apesar de todos os relatos médicos, a empresa se recusou a reconhecer a ligação entre a inalação dos gases e a morte do trabalhador. "É mais cômodo responsabilizar os trabalhadores do que ir a fundo nos investimentos para ampliar a segurança", completa a deputada Prandi, que defende a participação de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos e da Comissão de Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) na apuração de todos os acidentes na Siderúrgica. (Mais informações, ligue no gabinete da deputada Maria Lúcia Prandi - 3886-6848/6854)