Novo acidente na Cosipa leva deputada Prandi a acionar Ministério Público mais uma vez


06/07/2000 16:55

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A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) acionou mais uma vez o Ministério Público (MP) de Cubatão solicitando abertura de investigação sobre as causas do acidente ocorrido na manhã desta quarta-feira, 5/7, na Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa).

No acidente o trabalhador Benedito da Veiga, de 33 anos, 11 deles dedicados à siderúrgica, sofreu traumatismo craniano ao ter a cabeça esmagada por uma máquina de solda, no Setor de Decapagem da Unidade de Laminação a Frio. O acidente aconteceu menos de 24 horas depois da empresa ter divulgado relatório sobre a explosão que, em maio desse ano, matou dois trabalhadores e feriu outros sete, no qual responsabiliza os funcionários pela ocorrência.

"Infelizmente, mais uma vida está em cheque. Será que novamente o trabalhador será apontado como culpado? É preciso que haja uma apuração rigorosa do que está ocasionando tantos acidentes fatais na Cosipa", afirma a deputada Prandi que, no ano passado, protocolou três representações ao Ministério Público em função de quatro mortes de trabalhadores da siderúrgica. Na explosão de maio, a parlamentar também acionou a promotoria. Em pelo menos dois casos, a solicitação foi acatada e o processo investigatório encontra-se em tramitação. "Esta participação do MP é imprescindível para a apuração isenta dos fatos", destaca Maria Lúcia.

A deputada observa que o índice de acidentes cresceu muito após a privatização da Cosipa, vitimando tanto cosipanos quanto trabalhadores de empreiteiras. "Numa siderúrgica, o processo produtivo é sempre perigoso e nocivo à saúde, situação que se agrava com equipamentos obsoletos, manutenção inadequada, pressão de chefias, dobras de turno e outras irregularidades que, infelizmente, são comuns na Cosipa", enfatiza Prandi, reivindicando que o trabalhador seja valorizado e respeitado, e não tratado como peça descartável.

Quatro mortes. No ano passado morreram quatro trabalhadores que atuavam na área da Cosipa. Em janeiro, em menos de dez dias, foram duas mortes. A primeira aconteceu no dia 20, vitimando Carlos Alberto Siqueira de Jesus, de 23 anos. Funcionário da empreiteira Arcoenge Ltda, ele teve uma parada cardio-respiratória após sofrer uma descarga elétrica de alta tensão, quando operava um equipamento de ar comprimido. A segunda morte ocorreu no dia 30. O metalúrgico Felisono Benedito Menezes, funcionário da Cosipa há 21 anos, foi soterrado ao cair numa calha de carvão, quando fazia a limpeza de uma linha de correias transportadoras na área da Coqueria.

A terceira morte aconteceu em maio. Funcionário de uma empreiteira, Aparecido Pereira, de 55 anos, teve morte instantânea após sofrer queda de uma altura de aproximadamente 30 metros. O quarto caso ocorreu em novembro, quando faleceu o metalúrgico Antônio Carlos de Oliveira. Cinco meses antes, ele havia inalado grande quantidade de benzeno e tolueno durante um vazamento de gases no alto forno. Antônio Carlos acabou falecendo em conseqüência dos efeitos nocivos dos gases. Apesar de todos os relatos médicos, a empresa se recusou a reconhecer a ligação entre a inalação dos gases e a morte do trabalhador.

"É mais cômodo responsabilizar os trabalhadores do que ir a fundo nos investimentos para ampliar a segurança", completa a deputada Prandi, que defende a participação de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos e da Comissão de Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) na apuração de todos os acidentes na Siderúrgica.

(Mais informações, ligue no gabinete da deputada Maria Lúcia Prandi - 3886-6848/6854)

alesp