Ninguém pode negar que o governador Mário Covas encontrou graves problemas financeiros em nosso Estado, ao assumir o cargo há pouco mais de cino anos. Também fica bastante claro que Covas, em sua gestão, conseguiu atenuar bastante aqueles problemas, cortando gastos e pagando dívidas. Só lamento que, na tentativa de superar a crise econômica, o governador tenha sacrificado tanto os funcionários públicos, deixando-os sem reajuste salarial nas suas duas gestões, além de se omitir no combate ao crime. Em seus discursos, Covas parece sempre estar num palanque: não abre mão dos elogios para seu próprio governo e costuma bater a mão no peito e proclamar a completa honestidade de sua equipe, em comparação com o estilo de outros políticos.

Na prática, porém, os resultados não confirmam esses pronunciamentos eloqüentes. Se não bastasse o escândalo da CDHU, que provocou a queda do então presidente da instituição, Goro Hama, e deixou seqüelas em cima do filho do governador, conhecido como Zuzinha, tem havido várias denúncias de licitações fraudulentas, de obras superfaturadas e de um estranho sistema de compra de material e alimentos. Um dos casos bem recentes mostra que o Tribunal de Contas do Estado ficou assustado com o preço do leite comprado pela Febem para alimentar os menores internos em suas várias unidades. Pelo contrato, o governo do Estado paga 1,40 real por um litro de leite que custa 1,10 real nas padarias. O mais curioso é que a empresa que vende o leite a preço elevado é de Sérgio De Nadai, amigo do peito do governador e tucano de carteirinha.

*Afanasio Jazadji é deputado estadual pelo PFL, jornalista, radialista e advogado.