Opinião - Educação Financeira será disciplina nas escolas públicas em 2012


06/12/2011 19:16

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Muitos brasileiros vivem o drama de não conseguir pagar suas contas em dia. A inadimplência é um problema nacional que tem despertado a atenção do Estado. Sabe-se que uma das principais causas do endividamento no país é o consumismo exagerado, que se transformou em uma característica marcante da sociedade atual.

Um levantamento recente divulgado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) aponta que 41% dos paulistanos possuem algum tipo de dívida. O fator que mais preocupa é a cultura do "compra primeiro, paga depois". Uma espécie de pensamento de consumo imediatista que é passado de pais para filhos, de geração em geração.

Pesquisas recentes apontam que os jovens brasileiros estão entre os maiores consumistas do mundo. Mas isso não se restringe apenas à adolescência e juventude. Uma cena que vemos com frequência são crianças muito pequenas obrigando os pais a comprarem algum artigo, especialmente brinquedos e eletrônicos. Segundo especialistas em marketing e propaganda, uma criança de seis anos já é considerada consumidora em potencial.

Mas eu acredito que podemos mudar essa realidade. Uma política de educação financeira ajudaria a driblar esse problema, desenvolvendo jovens com consciência e habilidade para lidar com o próprio dinheiro.

Questões corriqueiras são difíceis de serem compreendidas pelo consumidor. Um exemplo são os juros de cartão de crédito. Num exemplo simples, se a operadora de cartão cobra uma taxa de 13,08% no financiamento rotativo, significa juro anual de 371,74%. Na prática, se o cliente ficar devendo o valor de R$ 100,00, após 12 meses o montante da dívida é R$ 437,15, já pensando no valor capitalizado.

Mas nem todo mundo sabe como funcionam essas questões que estão diretamente inseridas no dia a dia de quem usa cartão de crédito, de quem tem conta em banco ou de quem utiliza alguma forma de crediário.

Por causa da complexidade e notoriedade do tema, eu sugeri, em 2007, que a disciplina de educação financeira fosse introduzida no currículo da rede pública estadual de São Paulo. O Projeto de Lei 834/2007 já foi amplamente discutido por profissionais de educação e especialistas em economia, durante uma audiência pública que aconteceu na Assembleia Legislativa em novembro daquele ano.

Paralelamente ao trâmite do PL 834/2007, o governo federal começou a pensar no assunto e formulou um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira, com o objetivo de erradicar o analfabetismo financeiro. A partir de 2012, jovens e crianças terão noções de poupança, orçamento doméstico, aposentadoria, financiamentos, entre outros aspectos importantes da gestão pessoal de finanças.

A iniciativa é um grande avanço na formação de jovens conscientes financeiramente e vai ajudá-los a construir o próprio futuro. Afinal, a sabedoria popular já dizia: "quem não poupa, não tem".



*André Soares é advogado e deputado estadual pelo DEM

alesp