O azul de Eduardo Iglesias: a estação perene da primavera

Emanuel von Lauenstein Massarani
06/11/2002 14:27

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Determinar o momento em que Eduardo Iglesias dá início à composição de um quadro seu não é fácil. São muitos os fatores determinantes. A começar pela estruturação técnica e, sobretudo, pela intensidade do pensamento, das quais suas obras trazem o conteúdo. Eles originam um conluio entre fé e realidade, um elo sólido que atesta como a inspiração do artista se submete aos influxos de um "credo" que é sublimação -- mesmo que, no caso específico, sublimação guarde em si mesma o significado de um contato entre o humano - entendido no sentido mais amplo - e o divino.

A pintura de Eduardo Iglesias nasce de uma vontade de se empenhar de forma viva com o mundo presente, de dar forma a um mundo do passado, enfim um mundo imaginário de tranqüilidade e de paz. E acrescentaríamos, um mundo "azul" como é a maioria de seus quadros, que refletem um estado de alma bem pessoal: viver na estação perene da primavera.

Acompanho, desde 1959, a trajetória desse artista e seus primeiros passos na arte. É ele próprio que diz: "Embora tenha acrescentado e eliminado muita coisa, pesquisado e utilizado outras técnicas, outras cores e até mesmo alguns trabalhos com total ausência de cor e alguns relevos em papel, o azul ainda é a cor predominante. Foi o ponto de partida para uma fase que, acredito, dura até hoje".

Com efeito, desde 1968, existe a constante de Iglesias, onde um azul intenso começou a dominar os antigos ocres, os amarelos, os verdes e os brancos. Atualmente, essa onda de azul está impregnada de uma nova atmosfera, como em sua obra "Paisagem de Primavera", em acrílico sobre tela e em sua litogravura "Fragmento de Paisagem", doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, respectivamente pelo autor e por este crítico. Do conjunto de suas criações sobressai um artista que, do sacro ao profano, consegue obter conteúdo e emoção, por tudo o que nele e dele nasce e se origina.

O Artista

Eduardo Iglesias nasceu em Marília, no ano de 1950.

Participou de diversas exposições individuais, com destaque para Galeria Convívio, São Paulo (1965); Instituto Ítalo-Brasileiro, Milão, Itália (1969); Galeria Alla Porta Romana, Milão, Itália (1971); Galeria II Fauno, Verona, Itália (1972); Galeria Chelsea, São Paulo (1973 e 1975); Faculdade de Filosofia, Marília (1973); Galeria Guignard, Porto Alegre (1975); Galeria Paulo Prado, São Paulo (1976); Galeria André, São Paulo (1978 e 1980); Neville-Sargent Gallery, Chicago, Estado Unidos (1979, 1983 e 1988); Realidade Galeria de Arte, Rio de Janeiro (1981 e 1986); Expo de Litos - Embaixada do Brasil em Haia, Holanda (1984); Galeria Itaú, São Carlos (1985); Galeria Paulo Figueiredo, Brasília (1987); e Espace Latin Americain, Paris, França (1990).

Esteve presente também em inúmeras exposições coletivas: Galeria Cromoi, São Paulo (1962); I Sac, Campinas (1965); Grupo Tendências no Masp, São Paulo (1966); Gallerie Cinq, Genéve, Suíça (1969); I e II Sac, São Paulo (1967 e 1968); I Bienal de Santos (1971); Galeria André, São Paulo (1973); Gallerie Crearco, Lausanne, Suíça (1977); 24 Brazilian Contemporany Engraves Exebition, Tóquio, Japão (1979); IV Bienal de Grabado Latino Americano, Porto Rico (1979); Boca Raton Center for the Arts, Miami, Estados Unidos (1980); Art 81, Armory Washington, Estados Unidos (1981); Arco 82, Madri, Espanha (1982); Ibiza-Grafic, Ibiza, Espanha (1982); Arco 83, Madri, Espanha (1983); The Gallery - University Club - Chicago, Estados Unidos (1983); Casa da Cultura do Equador, Quito, Equador (1985); Embaixada do Brasil, Belgrado, Iugoslávia (1986); Projeto Artes Plásticas 86 Petrobrás, Rio de Janeiro (1986); Curso e Conferência na Wake-Forest University, Winston-Salem, Estados Unidos (1987); Saga, Edições de Arte, Paris, França (1988); Mostra de papel artesanal - Pinacoteca do Estado, São Paulo (1988); Arte Brasileira, Artistas do Papel - University of Ottawa, Canadá (1988); Galeria Exedra, Quito, Equador (1988); National Library of Canada, Ottawa, Canadá (1989); Saga, Edições de Arte, Paris, França (1989); e Galeria Clepsidra, Bogotá, Colômbia (1989).

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