Evento na Assembléia Legislativa lança Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho


29/11/2000 17:40

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A comissão de Relações de Trabalho da Assembléia Legislativa de São Paulo realizou nesta quarta-feira, 29/11, uma audiência pública com a finalidade de lançar o Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho. Em forma de cartilha, o mapa foi organizado pelo Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), com a colaboração do Dieese, do Centro de Solidariedade AFL-CIO e do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades (CEERT).

Segundo os organizadores, a cartilha tem o objetivo de expor o quadro atual da discriminação racial nas relações de trabalho e fornecer elementos para políticas públicas eficazes de combate ao racismo. Fruto de uma pesquisa, realizada pelo Dieese, que entrevistou 108 mil pessoas, nas seis principais regiões metropolitanas do país, o mapa traz dados importantes sobre a situação da população negra no mercado de trabalho. Entre outras coisas, revela que o rendimento médio dos trabalhadores brancos é mais do que o dobro do rendimento médio dos negros, embora a jornada de trabalho desses últimos seja duas horas superior a dos brancos.

Os dados também comprovam que na maioria das capitais o tempo que os negros desempregados gastam para conseguir nova colocação é bem maior. Em São Paulo, por exemplo, eles levam cerca de 57 semanas para conseguir um novo emprego, enquanto para os brancos esse tempo é de 50 semanas.

Integrado às comemorações do Mês da Consciência Negra, o evento contou com a participação da presidente do Inspir, Neide Aparecida Fonseca; da secretária de relações sociais da CUT, Maria Isabel da Silva; do representante da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho, Francisco Marsília; e do sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. Também esteve presente o historiador Clóvis Moura, que foi homenageado por sua contribuição no campo acadêmico à luta contra a discriminação racial.

Entre as propostas defendidas pela secretária de relações sociais da CUT durante a audiência pública estão a fixação de 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, como feriado no Estado de São Paulo e a exigência, nas licitações e concorrência públicas, de compromisso explícitos por parte dos empresários com a contratação de um percentual mínimo de mão-de-obra negra e com a ausência de trabalho infantil.

alesp