Estudantes e professores participam de audiência sobre orçamento em Bauru

Audiência Pública em Bauru - TEXTO FINAL
15/09/2005 20:23

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Estudantes da Unesp e representantes da Associação dos Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo assistiram, nesta quinta-feira, 15/9, à abertura da 24ª audiência pública da Comissão de Finanças e Orçamento, realizada na Câmara Municipal de Bauru. O público de aproximadamente 100 pessoas compareceu para discutir o orçamento estadual para 2006.

O presidente da comissão, José Caldini Crespo (PFL), disse que é muito difícil um cidadão conhecer todo o território paulista. "Por isso, a comissão constatou que para conhecer as dificuldades e as necessidades de cada município da região era preciso vir aqui ouvir o que a comunidade tem a dizer."

Universitários

Na audiência, os primeiros pronunciamentos foram feitos por representantes de segmentos da Educação e estudantes. Silvia Lima, do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza, a exemplo do que disse na audiência de Jaú, realizada pela manhã, protestou contra repressão feita pela tropa de choque da polícia militar aos manifestantes que estavam nos arredores da Assembléia Legislativa ontem, para pedir a derrubada do veto do governador à emenda da LDO que aumenta o repasse de verbas à educação.

Também se manifestaram os estudantes Juliana Leitão, da Une, Gustavo Mineiro, do DCE da Fatec, e a professora aposentada Maria José Xavier. Juliana disse que as portas da casa do povo estavam fechadas ontem e Mineiro cobrou o voto do deputado Pedro Tobias a favor do que o povo quer. Já a aposentada, além de reforçar o pedido de derrubada do veto, reivindicou a contrapartida do governo na manutenção do Iamspe, segundo ela, um hospital construído com o dinheiro dos funcionários públicos.

Polêmica em torno da Educação

A audiência prosseguiu com a polêmica em torno da Educação. Seguidas manifestações sobre o assunto resultaram num debate acalorado. O jornalista Pedro Valentim, de Bauru, afirmou que somente os ricos estão nas universidades públicas, e que os recursos adicionais deveriam ser aplicados no ensino médio, para melhor preparar os alunos que se candidatam ao ensino superior.

O professor da Unesp Geraldo Bergamo disse que os saudosos da ditadura colocaram a polícia contra os manifestantes, porque estes desagradam às elites. "Hoje, com a ampliação do ensino médio, os formados acabam aumentando a demanda universitária, que, portanto, também precisa ser ampliada."

Segundo o professor, a presença da Unesp em um município não provoca apenas impacto na economia do futuro. "Ela movimenta a economia presente. Professores e alunos também são consumidores."

Outra professora, Marilena, falou em nome da Apeosp, do CPP e Afuse. Ela disse que os servidores da Educação estão apanhando da polícia há muitos anos. "Isso tem acontecido seguidamente, porque a Educação não é tratada com respeito."

Roberto Graziani, representante da Secretaria Estadual da Cultura, após pedir incentivos para as oficinas de cultura, tentou defender o governo e foi contestado com veemência pelos estudantes.

Mariuze Lima, do Sindsaúde, pediu melhores condições para o atendimento de saúde e lembrou que o projeto de reajuste anunciado pelo governador ainda não chegou ao Legislativo.

Nilma Silva, da Unesp, destacou o trabalho de pesquisa feito dentro das universidades e do qual a comunidade não tem conhecimento. Bruno Terribas, estudante de Jornalismo da Unesp, esclareceu que o embate entre escola pública ou privada não interessa ao meio acadêmico, nem as acusações políticas fazem diferença. "O que importa é defender o ensino."

Demandas sem polêmica



Poucos falaram sobre as demandas de Bauru. Wilson Brasil pediu a iluminação do trecho da rodovia Marechal Rondon entre Gasparini e Unip. Valdir Caso pediu tratamento de esgoto despejado nos rios Bauru e Tietê, a duplicação da rodovia Bauru-Iacanga, ligação ao aeroporto de cargas de Bauru, a ser concluído no próximo ano. Esses dois pedidos foram apoiados pelo vereador Benedito Silva, que também reivindicou a conclusão do Hospital do Centrinho. O vereador Paulo Martins Neto pediu a conclusão de viaduto entre os bairros de Bela Vista e Vila Falcão.

Apesar de ter sido alvo de críticas dos manifestantes, o deputado Pedro Tobias (PSDB) conseguiu pontuar, sem interrupções, as demandas que considera importantes para Bauru, como o recapeamento da rodovia que liga a cidade a Marília, a conclusão do acesso ao aeroporto e a ampliação do Hospital do Centrinho, que, segundo ele, precisa de equipamentos e aparelhos auditivos.

O vice-presidente da comissão, Enio Tatto (PT), explicou que o impasse quanto ao veto à emenda para Educação foi gerado porque havia um acordo de que seria aprovada essa única emenda. O governador não a vetaria, uma vez que os deputados haviam aberto mão de outros itens. "Não foi o que ocorreu, o Executivo acabou vetando a emenda que favoreceria a Educação."

Tatto disse que não se surpreende com as manifestações, porque elas são a expressão de uma sociedade livre que muito lutou pela democracia.

Edmir Chedid (PFL), relator do orçamento, afirmou que a reunião tomou um tom político e que não houve muitas apresentações de demandas. "Mas, a audiência pública também é campo de debates polêmicos", disse ele, ponderando, porém, que a comissão foi a Bauru, independentemente de partidos, para aprovar um orçamento mais justo. "Não pretendemos fazer do orçamento um palanque político, queremos investir os recursos de maneira mais justa."

O deputado Chedid visitou o Centrinho e ressaltou o trabalho feito naquele hospital junto a pacientes com lábio leporino. "Temos que encontrar um meio de garantir mais recursos para que o tio Gastão, como é conhecido o diretor do Centrinho, continue seu trabalho."

O presidente da Câmara, Antonio Carlos Garms, reforçou as reivindicações para o Centrinho e disse que o local atende pessoas de outros países.

No final da audiência, Saulo Rodrigues Carvalho, estudante da Unesp, leu uma Carta aos vereadores na qual pede o envio de moção aos deputados pedindo a derrubada do veto às emendas para a Educação na LDO.

alesp