Mostra sobre cultura afro-brasileira começa com debate


28/11/2000 13:28

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A cultura e a resistência como formas de luta pelos direitos da população negra foram discutidos na manhã de hoje, 28/11, no auditório Teotônio Vilela, na abertura da I Mostra de Cultura Afro-Brasileira. O evento foi organizado pelo Grupo Temático de Cultura, Esportes e Lazer, um dos 16 que formam o Fórum São Paulo Século XXI - movimento criado pela Assembléia Legislativa para discutir propostas para o crescimento planejado do Estado -, e teve início com o debate "Brasil, outros 500: Negros e Índios - A Cultura como Elemento de Resistência".

O deputado Hamilton Pereira (PT), coordenador do debate e do grupo temático, destacou a importância da discussão, que foi aberta com uma saudação de Mãe Sílvia de Oxalá aos "ancestrais - reis, rainhas e soldados - pelo que foram antes de chegar ao Brasil" e um pedido de bênção aos orixás. "Precisamos bradar por justiça", ela resumiu.

Entre os debatedores, Magali Mendes falou sobre a experiência de 22 anos do Festival Comunitário Negro Zumbi, do qual é coordenadora. O Feconezu reúne homens, mulheres e crianças para, ao longo de três dias, trocar experiências políticas e culturais. "A cultura é uma forma de apontar saídas para nossas reivindicações", disse Magali. "Por isso, além de uma forma de resistência, é preciso também que seja um instrumento de transformação." O mais recente Feconezu foi realizado este mês, em Araraquara, e reuniu mais de 2 mil pessoas sob o tema "Revivendo Palmares".

O coordenador do Fórum Estadual de Entidades Negras, Flávio Jorge, fez um pequeno histórico da resistência dos negros como forma de luta por seus direitos, enquanto o professor Salomão Jovino da Silva protestou contra "as desigualdades e o extermínio cotidiano das populações nativas e de origem africana". Ele destacou ainda o trabalho de jovens pesquisadores que estão resgatando "a memória, ocultada, da participação dos negros na construção da riqueza do país".

O debate contou também com a participação do deputado Nivaldo Santana (PC do B). A mostra da cultura afro-brasileira prossegue. Logo mais, exposições de artes e lançamento de livros ocorrerão no Hall Monumental da Assembléia. Amanhã, 29/11, Santana coordena um debate sobre discriminação, racismo e igualdade de oportunidades, pela manhã. À tarde, o lançamento da cartilha "Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho no Brasil" vai contar com a participação do secretário estadual do Trabalho, Walter Barelli.

alesp