Pela segunda vez as avenidas marginais da cidade de São Paulo não foram atingidas pelas enchentes, ao contrário de inúmeras outras regiões da cidade, em especial a Zona Leste, inundadas seguidas vezes. A eliminação do alagamento das marginais não se deu por acaso, foi um dos primeiros resultados do programa de rebaixamento da calha do Tietê desenvolvido pelo governo do estado.

Primeiro momento do esforço de recuperação do Tietê, com efeitos também no rio Pinheiros, estas obras tem profundo impacto na qualidade de vida dos paulistanos. A obra, que já está 65% pronta, contribui não só para evitar as enchentes do próprio rio, mas também para o escoamento de todos os rios da Grande São Paulo, pois são afluentes do Tietê.

Os piscinões da bacia do Pirajuçara e do rio Vermelho, em Osasco, que serão entregues em abril, aliviarão ainda mais o sistema e reduzirão o risco de enchentes. Os 9 piscinões em operação e os três em obras na bacia do Tamanduateí também diminuirão significativamente o risco de alagamento de algumas regiões centrais da cidade.

Mas nem todos ficaram satisfeitos com estes bons resultados e com a ausência de enchentes nas marginais. Existem aqueles que fazem parte do que se poderia chamar "Torcida da enchente". As regiões mais atingidas pelas inundações são justamente aquelas nas quais cabe à prefeitura realizar as obras, como o Aricanduva. Ou seja, a Prefeitura não só não contribuiu com um centavo com as obras no Tietê e em outros rios , como sequer fez o seu dever de casa, deixando a população à mercê das enchentes.

Mas a torcida do PT pelas enchentes não se encerra apenas em não fazer a sua parte e não ajudar quem está fazendo, existe um esforço também em atrapalhar o programa do governo do estado. Durante meses a bancada petista na Assembléia Legislativa tentou de todas as formas embargar as obras na calha do Rio Tietê sob inúmeras alegações, tentando impedir que fosse feito o financiamento japonês a estas obras, enfim, criar obstáculos a recuperação do Tietê.

Estas tentativas fracassaram, inclusive porque laudos técnicos demonstraram a falta de procedência das "denúncias" de contaminação da lagoa de Carapicuíba com o lodo retirado do Tietê. Sem meios legais de impedir esta obra, que põe contra a eficiência do governo estadual a inoperância da prefeitura paulistana, o PT decidiu jogar outras cartas, uma delas é tentar intimidar o governo japonês reciclando as "denúncias" já respondidas.

O próprio PT parece ter orgulho desta sua maldade contra os paulistanos e a favor da enchente, a ponto de divulgar na imprensa que está solicitando ao cônsul do Japão "a revisão e a conseqüente suspensão do financiamento patrocinado pelo governo japonês e pelo JBIC relativos a obras de rebaixamento da calha do rio Tietê". Em outras palavras, o PT não enxerga seus próprios problemas e entra no ritmo da marchinha de carnaval, "tomara que chova três dias sem parar".

*Ary Fossen (PSDB) é deputado estadual e 2o. Vice-Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo.