Evelina Villaça cria, em vidro fundido, personagens artísticos do terceiro milênio

Emanuel von Lauenstein Massarani
24/10/2003 14:00

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No espaço e no tempo, por meio de uma pesquisa que me parece única nesses últimos anos, Evelina Villaça, paralelamente à pintura, à escultura e aos objetos, procurou o saber científico e tecnológico para encontrar a dimensão real do conhecimento e descobrir um caminho para obter uma nova forma de arte, a arte do vidro, do vidro fundido.

Vale salientar que sua pesquisa sempre se dirigiu no rumo da verdade absoluta e sobre os modos através dos quais vemos nossos desejos, antes ou depois, se tornarem realidades. Assim, o seu itinerário no espaço e no tempo pôde se alimentar de novas fontes, participar do mistério final e continuar a missão definitiva aos esquemas interiorizados.

Na série de objetos que acaba de lançar sob o título genérico de Translúcidos, Evelina Villaça reúne um leque de cores, analisando-as cuidadosamente na sua progressão, sugerindo impressões mutáveis graças ao inteligente alternar dos tons e à disparidade morfológica da construção de seus personagens. Eles lembram aqueles da Commédia dell'Arte italiana, dos Ballets Russes de Montecarlo ou ainda do folclore teatral, todos naturalmente estilizados para o terceiro milênio.

A invenção da artista prospecta, assim, o desenvolvimento lógico de personagens de todos os séculos, a partir da tragédia grega até seres fictícios do futuro. Cria situações diversificadas interessantes, capazes de demonstrar que as estruturas visuais são formuladas através de metódicos e sucessivos planos cromáticos de raro vigor expressivo. Os componentes estruturais desses novos objetos artísticos deixam à escolha de quem os admira os resultados da fruição.

A criatividade de Evelina Villaça, evidenciada na obra doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, é como a frase de uma melodia que, organizada em orquestração elementar, forma a concatenação de diversas relações musicais, cujo resultado sonoro é regulado pela vontade de dar uma precisa função à sucessão das notas. Num mundo lúcido e exato ela constrói e distribui, através de seus Translúcidos, os ritmos catalisadores da ação do conhecimento que dissolve os personagens de suas composições no âmbito de uma visualidade transformada e em movimento.

A artista

Pintora e escultora, Evelina Villaça nasceu em São Paulo, em 1944. É formada em história da arte, na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap (1985). Cursou ainda arte contemporânea, no Estúdio Contempoarte (1999); escultura com Cláudio Calia (1993); escultura, no Mube - Museu Brasileiro da Escultura (1996); e história da arte (1985), no Mube (1996).

Participou de diversas exposições, entre as quais destacamos: 33º Salão da Sociedade Brasileira de Belas-Artes do Rio de Janeiro; 7º Salão de Artes Plásticas na Casa de Cultura de São Lourenço (SP); Coletiva de Pinturas e Esculturas na Casa de Cultura de Araras (SP); 47º Salão Oficial de Juiz de Fora (MG); 1º Exposição de Artes das Arcadas, Faculdade de Direito de São Paulo (1997); Salão Bunkyo da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (1998); Mostra de Arte Latino-Americana, Memorial da América Latina, SP (1999 e 2001); Salão do Esmalte do Museu Municipal do Esmalte Contemporâneo, Tarragona, Barcelona, Espanha; Salão dos Independentes, Paris, França; "Cotidiano e Imaginário", A Arte da Mulher Brasileira do Século XX (SP); Mostra de Arte Contemporânea "Tempo Aberto", Espaço Cultural Paineiras do Morumbi (SP); Museu da Casa Brasileira, SP (2001); Exposição de Escultura, Espaço Cultural Caixa Econômica Federal, Brasília (DF); "Intervenção Urbana", Espaço Cultural Caixa Econômica Federal, SP (2002).

Recebeu inúmeros prêmios, destacando-se, entre eles: 1º e 2º Salão de Terracota de Santo Amaro (SP); 33º e 34º Salão Feminino da Sociedade Brasileira de Belas-Artes (RJ); Casa da Cultura de Araras (SP); 23º Salão de Maio da Sociedade Brasileira de Belas-Artes (RJ); 2º, 3º e 4º Concurso da Galeria Mali Villas Bôas (SP); Medalha de Ouro do Instituto de Artistas Plásticos de São Paulo; 13º Salão José Maria Almeida (RJ).

É membro do Comitê Nacional Brasileiro da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco, do Sindicato dos Artistas Plásticos do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Artes e Ciências.

alesp