No Brasil, a criatividade e o compromisso com o desenvolvimento encontram na Engenharia uma forma feliz de expressão. Os primeiros registros são do final do século XIX, quando ligada à elevação de status do próprio País, de colônia a nação independente, a Engenharia acompanhou as diversas etapas do desenvolvimento brasileiro, destacando-se a instalação da Escola Politécnica em São Paulo, em 1893, e a fundação da primeira escola de Agronomia - a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em 1901, entre outras instituições de peso. A Engenharia ajudou o País a entrar na fase de industrialização, nos anos 30, com mais fôlego do que em qualquer outro ciclo econômico anterior, abrindo caminho para grandes conquistas, como o estudo de processos industriais e a construção de usinas hidrelétricas - que garantem ao Brasil posição de destaque como uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Mais: a experiência brasileira fez com que nossos engenheiros fossem chamados para participar de projetos no exterior. Um reconhecimento inequívoco da competência de nossa formação profissional é o recebimento de um prêmio, ganho neste ano, nos Estados Unidos, pelo Grupo de Mecânica da Fratura e Integridade Estrutural do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP, com um estudo capaz de aumentar a segurança ambiental em caso de vazamento de gás, petróleo e seus derivados. Outro motivo de orgulho para a Poli/USP, é o seu ingresso como membro da Associação Top Industrial Managers Europe, que congrega as principais escolas de engenharia européias, com o objetivo de integrar conhecimento e validar diplomas de graduação em mais de um país, tornando-se a primeira escola não européia membro desse grupo. Como ex-aluno da Escola Politécnica, muito me orgulho de participar desse processo. Seja na construção civil, na eletrônica, na hidráulica e na agropecuária, o profissional brasileiro de Engenharia tem o seu talento confirmado. No entanto, competência não basta: é preciso vontade política para fazer avançar, não só a nossa técnica, como também o nosso País. Há muito a ser feito. Um dos exemplos mais gritantes diz respeito à conservação de nossas estradas, tão importantes para garantir o abastecimento de nossas cidades, como o escoamento de bens para a exportação. Também é fundamental que o estado ampare o desenvolvimento científico e tecnológico para favorecer as empresas que investem em pesquisas e colher resultados concretos rapidamente e tirar o maior proveito possível da criatividade de nossos pesquisadores, com resultados enriquecedores para toda a sociedade.Se a pesquisa é importante, é fato que não pode ser encarada de modo limitado. É essencial que a troca de informações e experiências seja organizada. Preocupo-me com a questão internacional, integração econômica, tema que devemos explorar para que se amplie a atuação de nossa engenharia, tanto na área de projetos como de execução de serviços, obras ou construção de equipamentos. Mas esta oportunidade sugere também cautela para que não comprometamos a inteligência e as empresas brasileiras. Reuni-me, recentemente, com os engenheiros Eduardo Ferreira Lafraia, Presidente do Instituto de Engenharia, e José Roberto Benasconi, Secretário do Conselho Consultivo da União Pan-Americana das Associações de Engenheiros (Upadi), para fazer um balanço sobre o Mercosul e a Alca, de como devem ser estabelecidas regras para este intercâmbio e buscar garantir a ação de empresas de engenharia. Nas próximas semanas, buscarei autoridades do governo federal para discutir este assunto. É preciso mobilizar essa luta para que a nossa engenharia -orgulho de nosso País - desempenhe seu papel para o progresso. Arnaldo Jardim é deputado estadual, Engenheiro Civil, 48 - Secretário da Habitação (1993) Coordenador da Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável E-mail: arnaldojardim@uol.com.br Website: www.arnaldojardim.com.br