Não há exceção. De acordo com dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública, o índice de criminalidade continua crescendo em todo o Estado de São Paulo. A região metropolitana da Capital, com seus números assustadores, já não representa um grande contraste em relação às cidades do interior e do litoral, antes tranqüilas. E a pesquisa recém divulgada comprova a gravidade da situação: nunca o Estado havia apresentado panorama tão preocupante no âmbito da violência e da criminalidade.

No terceiro trimestre deste ano, de julho a setembro, houve nos 645 municípios paulistas um total de 498.724 crimes, todos devidamente registrados. Portanto, essa soma de quase meio milhão de crimes deixa para trás os 488 mil do terceiro trimestre de 2003, o que significa um aumento de 2,1%. O lamentável recorde fica ainda mais acentuado se comparado com os 430.024 crimes do mesmo período de 2002, o equivalente a um crescimento de 15,9%.

O governo publica no Diário Oficial do Estado as estatísticas trimestrais da criminalidade desde 1995, por força de lei de iniciativa da Assembléia Legislativa. Se de um lado esse tipo de informação revela transparência, por outro evidencia preocupante aumento do total de crimes nos anos 90 e também após a virada do milênio.

Mário Covas errou ao impor uma política frágil de segurança pública, algo que seu sucessor, Geraldo Alckmin, tenta corrigir. Vale a pena analisar detalhes da pesquisa da Secretaria da Segurança Pública. Segundo os dados oficiais, o terceiro trimestre deste ano teve somente dois aspectos positivos em comparação com o mesmo período de 2003: uma queda tanto do número de homicídios quanto do total de roubos. Desta vez, houve no Estado 2.243 homicídios, uma redução em relação aos 2.600 do terceiro trimestre do ano passado. Os roubos, crimes contra o patrimônio com o uso de ameaças ou violência, caíram de 64.205 para 57.745.

O furto de veículos aumentou de 27.886 para 28.633. Já o roubo de veículos, que envolve uso de armas contra as vítimas, ficou praticamente estacionado: 19.866, em 2003, e 19.657, em 2004. No entanto, uma modalidade de crime indica agravamento em todo o Estado - o latrocínio, que é o roubo seguido de morte, geralmente assalto a mão armada em que a vítima é assassinada. Nesse item, o total paulista saltou de 127 casos em 2003 para 136 em 2004. Na Capital, o crescimento foi mais assustador: de 30 casos em 2003 para 54, quase o dobro, no mesmo período de 2004.

O próprio governador Alckmin e seus assessores de primeiro escalão argumentam que "nunca se prendeu tanta gente no Estado quanto agora". Isso representa uma verdade, mas está longe de ser solução: ainda há bandidos demais nas ruas e a população não está em condições de esperar até as eleições de 2006 para ouvir promessas. É preciso mais rigor na repressão ao crime.

*Afanasio Jazadji é deputado estadual pelo PFL