Opinião: O Estado e os desafios da Terceira Idade

*Ary Fossen
23/03/2004 15:17

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A idade média da população do mundo todo está aumentando. Esta tendência mundial, também atinge o Brasil e em especial o estado de São Paulo. Apresenta a toda sociedade um desafio e uma meta. O desafio é conseguir incorporar esta nova realidade demográfica no cerne das políticas públicas de forma eficiente. A meta é conseguir garantir a todas as pessoas da terceira idade as condições de dignidade e respeito que elas merecem.

O desafio não é pequeno, porque para o país esta é uma realidade ainda muito nova. O Brasil sempre foi um país jovem, no qual a população abaixo da idade adulta representava a imensa maioria da população. Assim para sermos capazes de cumprir nossa meta, precisamos ser capazes de repensar a estrutura do Estado e dos serviços que ele oferece.

Esta tarefa não pode ficar sob a responsabilidade exclusiva de legisladores e gestores, mas, precisa envolver todos os segmentos da sociedade civil. Até porque, é preciso reconhecer que inúmeras entidades do Terceiro Setor foram capazes de perceber a importância desta alteração do perfil demográfico do país com mais rapidez e eficiência que muitos setores do estado.

Paralela à alteração demográfica há também uma importante mudança em termos comportamentais. Aposentar-se hoje não é mais sinônimo de "vestir o pijama" e isolar-se, pelo contrário, o idoso quer e precisa - para manter-se saudável - ter atividades intelectuais, físicas e sociais que permitam viver em plenitude a recompensa pelos seus muitos anos de trabalho.

É o momento no qual se tem condições de executar muitos dos projetos para os quais não havia tempo suficiente antes, de realizar os sonhos que ficaram esperando o momento propício. Dar condições a estas pessoas de serem produtivas e satisfeitas é apenas pagar uma pequena parte da dívida que a sociedade tem com estes cidadãos que cumpriram seu dever.

Da mesma forma é uma significativa ação estratégica de saúde pública, porque o idoso que se mantém em atividade, que convive com outras pessoas, que tem uma vida saudável é uma pessoa que terá menos problemas de saúde. Assim, fomentar projetos que possam gerar estas condições adequadas é também importante medida profilática de saúde pública.

Como escrevi antes, esta é ainda uma experiência nova para o Brasil. Isto aumenta a importância de se trocar experiências e conhecimentos específicos que possam minimizar os erros, e compartilhar os sucessos através do intercâmbio de informações. Em especial para nós legisladores é fundamental aprofundar o conhecimento sobre um tema que diz respeito ao que deve se tornar um dos eixos das políticas públicas.

Foi neste sentido que propus a criação da Frente Parlamentar de Defesa da terceira idade na Assembléia Legislativa de São Paulo. O grande objetivo desta Frente é justamente estabelecer um Fórum permanente reunindo parlamentares e representantes da sociedade, buscando a avaliação das políticas públicas existentes para o setor e estabelecendo parâmetros para as que venham a ser criadas. Além disto, os eventos realizados pela Frente constituiriam um centro de referência sobre o tema, reunindo as diversas visões e projetos relacionadas à terceira idade, compartilhando assim o conhecimento e a experiência relativos ao tema.

A participação da sociedade neste processo é essencial, pois só através dela é possível partir da realidade concreta de quem lida com o tema na prática, quem conhece as dificuldades e obstáculos que devem ser vencidos. Também esta participação é fundamental para liberar a produtividade e a criatividade das pessoas que atuam na área, em especial dos próprios idosos, permitindo que esta Frente seja também um pouco uma "fábrica" de novas idéias que enfrentam os desafios que se tem pela frente e se consiga atingir a meta planejada.

*Ary Fossen (PSDB) é deputado estadual e 2o. Vice-Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo

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