Opinião - A questão da pedofilia


19/04/2010 15:28

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) define pedofilia, simultaneamente como doença, distúrbio psicológico e desvio sexual (ou parafilia). Encontramos essa categoria diagnóstica nos manuais de classificação dos transtornos mentais e de comportamento.

Atração sexual de adultos ou adolescentes por crianças é uma característica da pedofilia. O simples desejo sexual já caracteriza a pedofilia independente da realização do ato sexual. Para haver pedofilia não é preciso, portanto que ocorram relações sexuais. O fato de ser considerada um transtorno não reduz a necessidade de campanhas de esclarecimento visando a proteção de nossas crianças e adolescentes, e nem tira a responsabilidade do pedófilo pela transgressão das barreiras geracionais.

Até que ponto se pode reduzir este mal no que concerne a questões de pedofilias? Por acaso há algum grupo na sociedade imune a questões semelhantes a essas? Ultimamente a imprensa tem noticiado questões de crianças que são abusadas por pedófilos, a exemplo do jornal Folha de S.Paulo do dia 16/4, que afirma que foi transferido suspeito de abuso ao Brasil.

Levantamento da Associated Press em 21 países revela 30 casos de pessoas encaminhadas ao exterior após denúncias de pedofilia, afirma a reportagem impressa. As crianças indígenas são vítimas de líderes religiosos, principalmente no Estado do Pará, e posteriormente se dirigem aos seguintes países: EUA e África. Em 1993, o xaveriano Mario Pezzotti foi acusado pelo americano Joseph Callander de abuso e estupro.

Tem que ser colocado um basta na pedofilia. No Brasil há muitos empresários e políticos envolvidos, além de algumas lideranças religiosas. Depende de cada um de nós, inclusive do cidadão, proteger as crianças desses alucinados. Seremos omissos se não tomarmos nenhum tipo de atitude ou decisão, desde denunciar a encaminhar as vítimas a tratamentos em várias áreas, incluindo a psicológica.

Temos que fazer a diferença e ensinar todos os membros de nossas famílias e comunidades a serem a diferença através de informações e conhecimentos adquiridos com especialistas, como no caso da CPI da Pedofilia, que vai ouvir especialistas no próximo dia 27/4 no plenário Tiradentes da Assembleia.

Há muitas entidades envolvidas nesse crime, sendo uma das causas preocupantes a questão do turismo sexual, onde estrangeiros se aproveitam de nossas crianças e adolescentes nas principais cidades turísticas, e as usam como se fossem objetos de prazer. Poderia afirmar que é uma indústria de abuso sexual.

Um líder religioso, em entrevista da Folha de S.Paulo, pede perdão pelos pecados cometidos pela igreja. Essa atitude de pedir perdão apaga a dor da criança e de toda família? Será que houve realmente arrependimento de acordo com as informações de novos casos de pedofilias praticados por alguns líderes religiosos divulgados na mídia?

A mudança dessa situação irá depender de cada um de nós. Vamos tomar atitudes e empunhar a bandeira da indignação para mudar esse quadro vergonhoso que caracteriza a situação do Brasil.



*Gilmaci Santos é deputado estadual e presidente do PRB São Paulo. Também participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento, e é membro da CPI da Pedofilia.

alesp