Um dos mais importantes refúgios da vida selvagem da região sudoeste do Estado, o Parque Estadual Carlos Botelho abrange áreas nos municípios de Capão Bonito, São Miguel Arcanjo, Sete Barras e Tapiraí, mas sua sede fica na bacia do Alto Paranapanema. O nome do parque é uma homenagem ao médico urologista Carlos Botelho, que foi secretário estadual da Agricultura, Viação e Obras Públicas em 1904 e considerado o pioneiro da urologia no Brasil.

Em 1941, a área incrustada na serra de Paranapiacaba foi dividida em quatro reservas florestais e, devido à riqueza de recursos naturais e belezas excepcionais, as reservas foram unificadas por meio do Decreto Estadual 19.499/1982, dando origem ao parque. Com o seu surgimento, houve na região uma mudança nas estratégias de gestão, quando o objetivo de exploração econômica dos recursos naturais foi substituído pela preservação ambiental e desenvolvimento sustentável da região. Hoje, o parque tem a finalidade de assegurar proteção à flora e à fauna, bem como garantir sua utilização com fins educacionais, recreativos e científicos.

O parque, que possui uma área de 37.644 hectares, faz parte do Contínuo Ecológico de Paranapiacaba, que protege um extenso corredor, coberto por densa floresta, acolhe e possibilita o trânsito de várias espécies animais. Além do Parque Carlos Botelho, os parques estaduais Intervales e Turístico do Alto Ribeira e a Estação Ecológica de Xitué também fazem parte do contínuo ecológico, um dos mais significativos corredores ecológicos que conecta os mais importantes remanescentes da Mata Atlântica.

Trilhas como a Represa/Fornos (4 km), que dá acesso às ruínas de fornos de carvão datadas da época em que a madeira da floresta era retirada para este fim, e a do Braço do Rio Taquaral (10 km), que passa por vários morros e mirantes e tem locais propícios para banho, são algumas das opções de apreciação da natureza que o parque oferece. Há também a trilha do Açude, que tem caminhos tortuosos, riachos e muito verde. Nesta, o visitante consegue ver trechos de mata em diversos estágios de desenvolvimento, tem acesso a um projeto de pesquisa com araucárias e, com bastante atenção, pode observar pegadas deixadas nas margens do açude por antas, gato-do-mato, cachorro-vinagre e outros animais. Além disso, há o Museu da Zoologia, uma área de lazer com quiosque e vários locais para piquenique às margens do rio Taquaral. O parque não dispõe de lanchonete, não contempla esportes radicais e pede agendamento prévio para utilização das trilhas.

Dos cerca de 1.200 monos-carvoeiro, espécie endêmica da Mata Atlântica, mais da metade habita as matas do Parque Carlos Botelho. Essa espécie, ao lado de outras como a onça-pintada, o sabiá-cica, o gavião-pomba, o papagaio e o gavião-pega-macaco, evidencia o grau de conservação dos ecossistemas abrigados nessa reserva. É também nesse parque que se encontra uma das mais significativas populações de jacutinga, ave que vive exclusivamente em matas de serra e está ameaçada de extinção devido à diminuição de uma de suas principais fontes de alimentação, por conta do corte criminoso de palmito-juçara, e aumento do consumo ilegal de sua carne. Outra característica do parque é a alta taxa de diversidade da fauna, uma das maiores no país. Mais de 220 espécies de aves já foram identificadas e esse número pode dobrar.

O Parque Carlos Botelho tem um núcleo de visitação, o Sete Barras, que está inserido na região do Vale do Ribeira e na bacia do rio Ribeira de Iguape e abrange os municípios de Sete Barras e Tapiraí. Neste núcleo, há três trilhas ecológicas: a da Figueira (2 km), seu percurso segue margeando o ribeirão da Serra e leva a uma exuberante figueira com aproximadamente mil anos; a da cachoeira do Travessão, 20 km de percurso com veículo seguido de 300 metros de caminhada até a cachoeira, que é formada por duas quedas de intenso volume de água originadas da união dos rios Travessão e Temível; e a da cachoeira do Ribeirão Branco (10 km), trilha com vegetação fechada com percurso de difícil acesso e que leva a uma cachoeira com quatro metros de altura.

Na última década, os administradores de parques estão trabalhando com um novo conceito: o continuum ecológico, que consiste na integração de diversas áreas onde os animais possam circular naturalmente sem encontrar obstáculos físicos como cercas, por exemplo. Essa nova forma de gestão foi adotada pelo Parque Estadual Carlos Botelho, entre outros parques, com o objetivo de fortalecer ações ao combate de palmiteiros e caçadores, gerar maior integração com as comunidades e promover campanhas ecoeducativas. Para isso, o parque conta com o apoio de diversas empresas e das quatro prefeituras da região e todas as iniciativas desenvolvidas pela administração dessa unidade de conservação contam com a colaboração do Fórum de Turismo de São Miguel Arcanjo.

Anualmente, na sede do parque, são comemoradas as semanas da Árvore, do Meio Ambiente, da Criança e também tem a tradicional "Festa da uva Itália de São Miguel Arcanjo", com montagem de stands com temas ligados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável da região.